Foram 645 em 2015; 77% dos mortos são negros

Um novo relatório da ONG HRW (Human Rights Watch, em português ‘Observatório dos Direitos Humanos’) aponta que ao menos 645 pessoas foram mortas pela polícia fluminense durante todo o ano de 2015. Dentre os mortos, mais de 75% são negros.

O documento de 125 páginas, intitulado ‘O bom policial tem medo: os custos da violência policial no Rio de Janeiro’, afirma que um quinto de todos os assassinatos no Rio é praticado pela polícia. Em um balanço de todos os casos ocorridos nos últimos dez anos, o total é de cerca de 8 mil mortes.

No capítulo ‘Quem a polícia mata’, o relatório traz uma fala do coronel da reserva Ubiratan Ângelo, ex-comandante geral da PM-RJ, que é negro. “O policial só mata onde tem aceitação social: na favela”, afirma ele. A respeito de homicídios de policiais, o balanço é de um PM morto para 24 mortos pela PM.

De todas as mortes praticadas pela polícia do Rio, apontadas no relatório, apenas 15% são de brancos. O documento traz depoimentos de policiais e especialistas, que reforçam a afirmação do coronel Ângelo, de que os policiais praticam homicídios quase exclusivamente em favelas.

A ONG ainda lembra que, dentre os casos, poucos são solucionados. “A impunidade ainda é a norma para estes casos”, afirma Paulo Roberto Cunha, promotor de Justiça.  A ONG também diz que as apurações de casos do tipo costumam apresentar várias falhas.

O procurador-geral fluminense, Marfran Martins Vieira, disse à HRW que a grande maioria dos relatos de “confrontos” é simulada, com os policiais forjando cenas ao colocar armas nas mãos das vítimas.