“Vamos fechar a rua. Só assim para nos atenderem”, disse uma moradora

Uma equipe da AES Eletropaulo foi feita de “refém”, nesta quinta-feira (15), por moradores da rua Daniela Crespi, no Butantã, zona oeste da cidade, que passam pelo 3º dia consecutivo sem luz. Durante a visita da reportagem ao local, um carro da empresa que estava nas imediações foi chamado pelos moradores.

Um funcionário disse que não teria como resolver o problema naquele momento porque o carro estava atendendo outra ocorrência no bairro. Em protesto, vizinhos fecharam a via com veículos para impedir que ele fosse embora –a rua é sem saída. A caminhonete só foi liberada após a chegada de um caminhão da AES Eletropaulo, que nesta tarde fazia os reparos na rede aérea e nos transformadores.

Desde a tarde da última segunda-feira (12), os moradores passaram a uma rotina de geladeiras com comida estragada, velas em todos os cômodos e gelos ensacados. Apesar de reclamações diárias à Eletropaulo, a vizinhança alega não ter recebido atendimento. “Só vão sair quando chegar outra viatura. Não tem outra coisa a ser feita”, afirmou o químico José Luiz Pastre, 64.

“Vamos fechar a rua. Só assim para nos atenderem”, afirmou a dona de casa Madalena Ybañez, 63. Ela disse que pediu a todos os vizinhos que protocolassem denúncias na Aneel (Agência Nacional de ).

O estudante de engenharia Danilo Duarte Costa, 26, disse que ele e os vizinhos fizeram “inúmeras” ligações à Eletropaulo, mas não houve retorno. “É a primeira vez que fica tanto tempo sem luz. Às vezes cai quando chove, mas no máximo por cinco ou seis horas”, disse.

A mãe de Danilo, a dona de casa Elenita Costa, disse que precisou deixar todos os alimentos na geladeira de uma amiga, para que não estragassem. Além disso, os moradores têm comprado sacos de gelo –já esgotados no supermercado mais próximo durante a visita da reportagem.

O administrador de empresas Luiz Argelino, 60, disse que recebeu uma mensagem da Eletropaulo afirmando que o problema poderia ser resolvido “até sexta”. Na casa dele está a neta de apenas um mês, Maria Fernanda. “Ela precisa ir na casa da minha filha para tomar banho, água gelada não dá”.

“Perdi carne, o freezer estava lotado”, reclamou a professora aposentada Maria Teresa Carloni. “Ontem [quarta-feira, 14] fui ver a novela na casa da minha empregada. O celular carreguei no cabeleireiro”. Na casa dela, onde moram quatro pessoas, todos estão almoçando fora. “A casa fica cheia de velas à noite.”