Dez policiais são presos suspeitos de atirar em homem no telhado

Na sexta-feira, outros cinco policiais tiveram a prisão decretada sob acusação de executar outro rapaz

A Corregedoria da Polícia Militar prendeu administrativamente, neste domingo, dez policiais suspeitos de participação na execução de Fernando Henrique da Silva, há uma semana, no Butantã, Zona Oeste da cidade de São Paulo. Ele estava dominado, algemado e foi atirado de uma altura de oito metros por um PM da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam). Em seguida, dois tiros foram disparados.

Na sexta-feira, outros cinco agentes tiveram a prisão decretada pela Justiça sob a acusação de executar outro suspeito, no mesmo caso, de roubar uma moto. Ambos os homicídios foram documentados por vídeos.

Dois dos policiais acusados da morte de Silva haviam sido detidos pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas soltos por falta de provas. Eles também tinham sido ouvidos pela Corregedoria. Acabaram tendo sua versão corroborada pelo depoimento de uma testemunha. Agora, o comando da Corregedoria quer ouvir novamente essa testemunha. Ela terá de explicar por quais motivos e circunstâncias deu um relato que foi fundamental para livrar os policiais da acusação de assassinato no primeiro momento.

Silva foi arremessado por Gambale, que usava um capacete da Rocam. Foi esse equipamento que ajudou a Corregedoria a identificá-lo, logo após o vídeo ser veiculado na televisão. As imagens causaram revolta entre os corregedores. “Aquilo lá não existe. Eu tenho 25 casos de polícia e nunca tinha visto uma coisa dessa”, disse um corregedor.

No primeiro depoimento prestado, o soldado afirmou que foi chamado por uma moradora. Na versão apresentada à Polícia Civil, Gambale contou que Silva tinha caído do telhado armado com uma pistola calibre 9 milímetros enquanto fugia. O advogado do policial militar não foi encontrado para comentar o caso.

Todos os quinze policiais detidos fazem parte dos 23º e 16º Batalhões da Polícia Militar. Os primeiros cinco foram presos depois que o DHPP obteve imagens de câmeras de segurança mostrando quando os policiais detiveram o comparsa de Silva, Paulo Henrique de Oliveira. Eles haviam sido perseguidos porque eram suspeitos de roubar uma moto.

Oliveira se entregou, foi algemado, levado para a calçada, onde as algemas foram retiradas. Em seguida, um policial disparou duas vezes em seu abdomen. Depois, um PM plantou uma arma ao lado de seu corpo. “Não é o tipo de tratamento que se dá a uma pessoa”, disse um oficial.