Suspeito de ser laranja de políticos, Patrola não consegue despejar ex-secretário de imóvel de luxo
Empreiteiro alega que Leandro Mazina, pai do vereador Otávio Trad, mora sem pagar aluguel desde maio de 2022
Renata Portela –
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Menos de um mês após a defesa de André Luiz dos Santos, empreiteiro de Campo Grande conhecido como Patrola, entrar com pedido de despejo para Leandro Mazina Martins, a Justiça deu parecer desfavorável. Mazina é pai do vereador Otávio Trad (PSD) e ex-secretário de Saúde de Campo Grande. Enquanto Patrola é investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) por supostamente ser laranja de políticos no Estado.
O juiz Fábio Henrique Calazans Ramos, da 14ª Vara Cível, alegou que inicialmente há oportunidade para purgar a mora, sendo indeferida a tutela antecipatória com o pedido de despejo. Assim, Mazina poderá quitar a dívida.
A decisão é de 27 de outubro e a defesa de Patrola tem 15 dias para contestar. Após requerida a purgação, Mazina terá 5 dias para depositar o valor. Atualmente, o valor total cobrado pelo empreiteiro é de R$ 183 mil.
Mais de um ano sem pagar
Na ação, Patrola alega que firmou contrato com Martins em 2019, quando acordaram o pagamento mensal de R$ 5 mil pelo aluguel do apartamento na Rua Euclides da Cunha. No entanto, se pago com pontualidade, o aluguel teria desconto e passaria a custar R$ 4 mil.
As partes renovaram o contrato e acertaram, verbalmente, que o valor seria congelado em R$ 4 mil. Ou seja, não haveria reajuste anual.
O empreiteiro aponta que o cunhado de Marquinhos Trad (PSD) não regularizou o aluguel de maio de 2022 até agosto de 2023. Patrola diz que há R$ 64 mil em atraso em aluguéis e mais de R$ 119 mil de IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) em atraso desde maio de 2019.
Pedido de despejo
Devido aos valores em atraso, Patrola afirma que não tem interesse em prosseguir com o contrato. Então, pede a rescisão contratual e o despejo do cunhado de Marquinhos Trad, através de liminar para desocupação do apartamento em até 15 dias.
Além disso, solicita o pagamento de R$ 183.390,87 referentes aos aluguéis em atraso e IPTU pendente.
Ex-secretário de Campo Grande
O ex-secretário municipal de Saúde, Leandro Mazina, foi denunciado por supostas irregularidades na licitação entre os anos de 2009 e 2012. Além dele, Marquinhos Trad (PSD) e o senador Nelsinho Trad (PSD) foram denunciados.
O cunhado dos irmãos Trad foi excluído do processo pela 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande. A ação civil pública foi proposta em dezembro de 2017 pelo MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul).
Na petição inicial, o promotor Humberto Lapa Ferri sustentou que Nelsinho e Mazina teriam ‘burlado’ a correta modalidade de concorrência licitatória, ao convidar empresas para participar do certame, quando, na verdade, deveriam proceder tomada de preços, para serviço de contratação de serviços de manutenção e fornecimento de peças para a sua frota de veículos automotores da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
Patrola é investigado
A primeira fase da Operação Cascalhos de Areia reuniu indícios que apontam para suposta rede de empreiteiras nas mãos de laranjas, a princípio comandadas por Patrola.
As empresas seriam supostamente usadas por uma quadrilha para desviar dinheiro da Prefeitura de Campo Grande com contratos firmados durante a gestão de Marquinhos Trad.
Entre os donos de empresas com contratos milionários, por exemplo, estava um vendedor de queijos. O homem disse que sequer sabia ter mais de R$ 200 milhões em contratos públicos numa empreiteira da qual é dono no papel.
Empresas com grandes contratos também foram vendidas a preço de banana. Assim, os indícios colocam André Luiz dos Santos, o Patrola, no foco da investigação. Ele é apontado como verdadeiro operador das empresas investigadas.
Segundo a denúncia anônima que deu início às apurações, Patrola supostamente seria sócio do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) no ‘esquema’. No entanto, o político nega.
Patrola também é suspeito de desmatamento criminoso no Pantanal. Ele teria destruído mais de 1,3 mil hectares após ser pago para construção de estradas na região pantaneira.
Além disso, as ‘armas’ do crime ambiental seriam as máquinas que uma das empresas dele, a André L. dos Santos Ltda, levou para a região com dinheiro de uma obra pública.
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