Áudio mostra responsável por ONG, presa em operação, reclamando de ser ‘laranja’
Ela teve pedido de liberdade negado pelo TJ-MS
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Ela teve pedido de liberdade negado pelo TJ-MS
Presa temporariamente na manhã dessa terça-feira (13) na Operação Urutau, a pedagoga responsável pela ONG (Organização Não Governamental) creche Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Kelly Ribeiro, teve pedido de habeas corpus negado pelo TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Ela, a diretora da Omep (Organização Mundial Para Educação Pré-Escolar) Maria Aparecida Salmaze e a contadora da Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária Ana Cláudia Pereira, estão em cárcere.
No pedido de liberdade a defesa de Kelly alega que a prisão foi feita sem que o motivo fosse esclarecido, sendo que não houve acesso aos autos da investigação, “mostrando-se claro o constrangimento ilegal, na medida em que ninguém pode ser mantido em cárcere sem direito a defesa ou ao menos sem saber o motivo de sua prisão”.
Contudo, o desembargador Amaury da Silva Kuklinski, aponta que a prisão foi decretada com base em apuração sobre esquema para desviar dinheiro público. Ele cita áudio usado na investigação, no qual a pedagoga “narra que está cansada de ser ‘laranja’ para enriquecer outras pessoas. Além de constar que é contactada para remeter papéis timbrados da instituição creche N. Sra. Perpétuo Socorro, a fim de justificar despesas da Seleta, confirmando os indícios de que a creche, de que a paciente é diretora, serviria para ‘esquentar’ o desvio de valores”, diz a decisão.
Ele fala ainda sobre indícios de que a investigada acoberta o próprio filho “como funcionário fantasma, recebendo dinheiro público, bem como que a paciente sempre teve ‘cuidado’ com as listas de funcionários, a fim de garantir a perpetuação dos desvios”.
No pedido de temporária, considerada na decisão como devidamente fundamentada, é dito que uma reunião foi realizada com Kelly para que fossem alinhavadas as versões a serem apresentadas. “Assim, é possível entender que não está demonstrado o fumus boniiuriseo periculum in moraa justificar a concessão da liminar”, diz Kuklinski.
Investigação – O MPE-MS (Ministério Público Estadual) já havia apontado uma série de irregularidades nas contratações, e desde 2011, ainda na gestão de Nelsinho Trad (PTB), vinha propondo mudanças nas contratações por meio da celebração de TAC (Termos de Ajustamento de Conduta).
Dentre as irregularidades citadas no processo em andamento no MPE há discrepâncias de valores pagos a servidores terceirizados a serviço do município. Por exemplo, um marceneiro da OMEP recebe R$ 893 por mês, enquanto um serralheiro da Seleta recebe R$ 2,4 mil. A Prefeitura de Campo Grande tem até junho de 2017 para demitir 4,3 mil funcionários contratados por meio dos convênios das duas entidades.
Ao todo foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão de documentos, três prisões temporárias e sete conduções coercitivas com os dirigentes, prestadores de serviços e funcionários dos locais. Houve buscas na Câmara Municipal de Campo Grande.
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