Ministro da Justiça critica ‘operação tartaruga’

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) criticou nesta segunda-feira a “operação tartaruga” deflagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal há dois meses. Cardozo disse que os bons policiais “não deixam a sociedade sofrer” e não podem “pisotear” o interesse público. “Não há interesse corporativo, por mais legítimo que ele possa ser, que evidentemente permita aos […]

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O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) criticou nesta segunda-feira a “operação tartaruga” deflagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal há dois meses. Cardozo disse que os bons policiais “não deixam a sociedade sofrer” e não podem “pisotear” o interesse público.

“Não há interesse corporativo, por mais legítimo que ele possa ser, que evidentemente permita aos defensores desses interesses corporativos pisotear sobre os interesses públicos, fazer com que a sociedade sofra. Servidores públicos são servidores públicos e, como tal, não podem jamais perder a dimensão do seu papel”, afirmou.

Cardozo disse que a maioria dos policiais brasileiros sabe conciliar “sua dimensão corporativa com o respeito à sociedade”, mesmo ao reivindicar aumentos salariais ou melhorias de trabalho.

“O bom policial é aquele que, claro, defende a sua corporação, defende a sua instituição, defende aquilo que julga ser o seu direito, mas nunca deixa a sociedade sofrer com um comportamento de reivindicação.”

Apesar das críticas, Cardozo não falou em retaliações ou punições aos policiais que deflagraram a operação. O militares reivindicam reajuste de 66,8% no salário e reestruturação da carreira, com a redução do efetivo nas ruas.

Anteontem, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Nilsoni de Freitas Custódio, determinou que os PMs suspendessem a “operação tartaruga”. Com isso, a paralisação das atividades passa a ser considerada ilegal, segundo a assessoria do Tribunal. Caso a coordenação insista na operação, ficará sujeita a multa de R$ 100 mil por dia.

Devido ao movimento, os índices de violência cresceram: de 1º a 29 de janeiro, houve 63 assassinatos, aumento de 28% sobre o mesmo período do ano passado. A assessoria da PM informou ontem que “o efetivo da PM sempre esteve nas ruas trabalhando normalmente”.

Na semana passada, o vice-presidente da Associação de Praças e Bombeiros Militares do DF, sargento Manoel Sansão, afirmou que os policiais que aderiram ao movimento irão radicalizá-lo nos próximos dias. “A insatisfação é geral. Vai dos oficiais aos praças. O culpado do aumento da criminalidade é o governador, que deixou de cumprir as promessas de campanha. Não é justo que a PM tenha o pior salário da área de segurança no DF”, disse.

O governo do DF prometeu negociar o reajuste salarial da corporação diretamente com as lideranças do movimento.

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