‘Minicracolândias’ são assuntos de saúde pública, dizem vereadores de Campo Grande
O número de bocas de fumo tem aumentado nos bairros e em áreas centrais
Anna Gomes –
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Combater um vício não é uma tarefa fácil. Uma pessoa viciada em drogas tem dependência física e psicológica que causa danos à saúde e pode afastar um dependente químico de seu convívio social. Após uma criança de 10 anos ser atropelada por um ônibus quando fugia de uma briga de usuários de drogas, o assunto virou debate entre vereadores de Campo Grande que alegam ser um problema de saúde pública.
Alguns vereadores vieram de comunidades da Capital, mas também não precisa ir exclusivamente às periferias para perceber que o número de bocas de fumo têm aumentado também nas regiões centrais.
Os parlamentares destacam que as ‘minicracolândias’ é assunto de saúde pública e estrutural que necessita da atenção do Poder Público. Para o vereador Tabosa, do PDT, as pessoas viciadas em drogas precisam de mais estrutura e espaços de acolhimentos.
“É uma questão estrutural. É preciso um trabalho sério da Secretaria de Assistência Social. Aqui existem poucas casas de acolhimento e Campo Grande tem aproximadamente 2 mil moradores de rua”, disse Tabosa.
Coronel Alírio Villasanti, do União Brasil, diz que é necessário ter uma ‘união dos poderes’. O parlamentar explica que realiza ações sociais com usuários de drogas na região da antiga rodoviária, local conhecido por abrigar dependentes químicos de Campo Grande. O vereador destaca que o Poder Público precisa ter um olhar mais humano e as pessoas não podem esquecer que o vício é um assunto de saúde pública.
“Sempre realizo ações na região da antiga rodoviária com defensores públicos, narcóticos anônimos e várias outras autoridades. É preciso uma união dos poderes para tentar resolver o problema da dependência química. Conheci pessoas que estão no local usando drogas há 10, 15 anos. Também já vi gente aceitando ajuda. É um serviço que exige paciência”, disse.
O Jornal Midiamax publica série de reportagens sobre ‘minicracolândias’ em Campo Grande e a disseminação de bocas de fumo pelos bairros da cidade, assim como as implicações sociais que esse tipo de atividade criminosa causa. Leia as outras reportagens da série:
“Narcotráfico doméstico avança e ‘minicracolândias’ se espalham por bairros de Campo Grande”.
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INVESTIR EM POLÍTICAS SOCIAIS É SINÔNIMO DE SEGURANÇA
Para os vereadores entrevistados pelo Midiamax, investir em políticas públicas voltadas para os dependentes químicos é economizar na segurança pública de Campo Grande. A pessoa viciada acaba cometendo delitos para alimentar o vício e assim, aumenta o narcotráfico doméstico.
“É necessária uma ação firme. É preciso a prefeitura realize concursos públicos para ampliar o número de servidores e assim, atender os vulneráveis. Com as drogas aumenta a falta de segurança. Delitos como roubos, assaltos também se expandem”, disse Tabosa.
William Maksoud, do PTB, diz que é necessário realizar efetuar prisões dos usuários que cometeram delitos, mas sem esquecer que o dependente químico precisa de tratamento para conseguir vencer o vício.
“Acredito que de imediato deveríamos aumentar o policiamento nas ruas e efetuar as prisões daqueles que se encontram em débito com a Justiça, mas não podemos nos esquecer que temos um problema social e de saúde pública, sendo necessário e urgente direcionarmos a atenção para o tratamento e prevenção, oferecendo moradia e tratamento para que essas pessoas para não voltarem para as ruas”, explicou.
PREVENÇÃO É O MELHOR REMÉDIO
Clodoilson Pires, do Podemos, diz que as pessoas estão conseguindo ter acesso fácil aos entorpecentes. Para o vereador é necessário realizar um trabalho preventivo para que os jovens se afastem das drogas.
“O acesso às drogas lícitas e ilícitas tem sido cada dia mais facilitado e precoce. Não adianta apenas um lado combater. É necessário que o Poder Público, organizações privadas e a sociedade civil unam esforços para levar informação e prevenção de forma sistêmica. Leis são editadas diariamente, mas precisam ser colocadas em prática”.
Ronilço Guerreiro, do Podemos, explica que é preciso realizar um trabalho após o tratamento. O vereador diz que investir em cultura pode ser uma solução viável para que ex- usuários de drogas não voltem ao vício.
“Infelizmente passamos por momentos desafiadores em vários aspectos de nossa sociedade e essa questão do número alto de usuários de drogas é um deles. Eu acredito muito no poder da arte e da cultura para transformar vidas e, como sempre digo, no lugar onde não tem atrativo cultural, a violência se transforma em espetáculo. Precisamos pensar políticas públicas com inteligência, pois não adianta apenas tirar esses jovens de circulação e interná-los, ou apenas aumentar o número de seguranças, temos que pensar em transformação e isso se dá com oportunidades, com investimentos, incentivos e a educação, cultura e esporte são capazes de mudar vidas”, ressaltou.
Confira outras reportagens da série sobre ‘minicracolândias’ publicadas pelo Jornal Midiamax:
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