Após evento feito pelo Governo, caciques de Aquidauana são internados por coronavírus
Caciques das aldeias Bananal e Água Branca testaram positivo para coronavírus e estão internados no Hospital Regional de Aquidauana.
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Caciques das aldeias Bananal e Água Branca testaram positivo para coronavírus e estão internados no Hospital Regional de Aquidauana desde o último domingo (19). Os líderes das comunidades indígenas terena apresentaram sintomas da doença após evento do Governo do Estado na região, que causou aglomeração.
Célio Fialho é cacique da aldeia Bananal e Julison Farias é da aldeia Água Branca, ambas são localizadas no território indígena Taunay-Ipegue. As terras ficam em Aquidauana, a aproximadamente 140 km de Campo Grande. Assim, após diagnóstico da doença, os líderes foram internados e se encontram em estado de saúde estável.
De acordo com membros da comunidade, os dois estavam presentes no lançamento das obras da a implantação do segmento da rodovia MS-442, no trecho do entroncamento da BR-262 até o território. No evento do Governo, que aconteceu em 2 de julho, estavam presentes políticos e indígenas da comunidade.
Após uma semana, o presidente da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), deputado Paulo Corrêa (PSDB), testou positivo para coronavírus. Logo após a confirmação da doença, outros deputados e servidores da Alems também foram diagnosticados com a doença.
Além dos dois caciques que já foram confirmados com coronavírus em Aquidauana, outro líder indígena, Oto Lara, da aldeia Colônia Nova, apresentou sintomas de coronavírus e está em isolamento social. No dia 16 de julho, uma indígena da cidade faleceu por complicações após ser diagnosticada com a doença.
Descaso nas aldeias
Além da aglomeração causada no evento do Governo, as aldeias sofrem com poucas políticas de saúde pública voltadas para a população indígena. Maricelma Francelino Fialho é sobrinha do cacique da aldeia Bananal, nascida e criada na comunidade, se preocupa com a falta de suporte para o próprio povo.
Ao Jornal Midiamax, ela relatou que Célio foi levado ao hospital por outro membro da comunidade, colocando em risco a saúde de mais uma pessoa. “Ele foi por conta própria porque a Sesai, que é responsável pela saúde da população aqui da região, não está dando conta de levar todos os sintomáticos”.
Outro ponto que ajuda na propagação do vírus nas aldeias, é o compartilhamento das mesmas terras. O território indígena Taunay-Ipegue tem aproximadamente 33 mil hectares e acolhe sete aldeias. Assim, as aldeias Água Branca, Imbirussu, Morrinho, Lagoinha, Bananal, Ipegue e Colônia Nova passam pelas mesmas necessidades.
Decreto dos caciques
Devido ao avanço do coronavírus dentro das aldeias, os caciques do território indígena de Aquidauana impuseram algumas medidas internas. As formas de enfrentamento foram publicadas por meio de decreto e servem para todas as aldeias da região.
A partir de 16 de julho, a circulação de pessoas, indígenas ou não, foi proibida no território. Nem mesmo a circulação com veículos é permitida. A única autorização para transitar entre as aldeias é para os serviços essenciais, como equipes de Saúde ou até mesmo ambulâncias.
O transporte coletivo que faz o traslado entre as aldeias e o município foi suspenso até 04 de agosto. O decreto também suspende qualquer tipo de reunião religiosa. Por fim, para evitar possíveis disseminações e contaminações por coronavírus, o uso das máscaras de proteção foi decretado como obrigatório.
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