Relatos de Palocci sobre Lula oferecem versões divergentes sobre reunião
Relatos contrariam narrativas de Emílio Odebrecht
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Relatos contrariam narrativas de Emílio Odebrecht
O ex-ministro Antonio Palocci apresentou à Justiça versões divergentes sobre o encontro em que, segundo ele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva selou um acordo com o grupo Odebrecht para obter favores pessoais e sustentar suas atividades políticas após deixar o poder.
Os relatos de Palocci sobre o acerto –que ele descreveu como um “pacto de sangue” entre Lula e o grupo empresarial– também contrariam narrativas apresentadas pelo empresário Emílio Odebrecht e seu filho Marcelo, que fecharam acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato.
As divergências lançam dúvidas sobre o conteúdo da conversa que o patriarca do grupo Odebrecht teve com o ex-presidente, os valores que eles teriam discutido e até mesmo a data exata em que o encontro pode ter ocorrido.
Palocci virou testemunha-chave de um dos processos que Lula enfrenta na Justiça Federal no Paraná há duas semanas, quando acusou o ex-presidente de receber propina da Odebrecht e ser tolerante com a corrupção na Petrobras. Preso em Curitiba há um ano, o ex-ministro petista negocia um acordo de delação premiada desde abril.
Na semana passada, em audiência com o juiz Sergio Moro, Lula chamou Palocci de mentiroso, e os advogados do ex-presidente indicaram que se preparam para explorar contradições encontradas nos depoimentos do ex-aliado.
O episódio no centro do testemunho de Palocci foi narrado antes por Marcelo, num dos primeiros depoimentos que ele prestou após decidir colaborar com as autoridades.
O empresário disse que, no início da campanha eleitoral de 2010, pediu a seu pai que fosse até Lula para informá-lo sobre os recursos disponíveis na Odebrecht para apoiar a candidata do PT à sua sucessão, Dilma Rousseff, e outras campanhas do partido.
Segundo Marcelo, o grupo havia destinado R$ 100 milhões aos petistas desde as eleições de 2008 e tinha mais R$ 100 milhões para o partido em 2010. Sua preocupação, explicou, era evitar que o PT exigisse mais dinheiro.
Emílio Odebrecht entendeu que se tratava de R$ 300 milhões e confirmou que se reuniu com Lula para atender ao pedido do filho, mas afirmou várias vezes que nunca falou de valores com o ex-presidente. “Eu não levava números para ele”, insistiu num depoimento em junho.
Palocci não participou do encontro, mas diz ter sido informado da conversa pelo próprio Lula no dia seguinte, quando o então presidente o teria procurado para pedir que cuidasse dos recursos acertados com a Odebrecht.
Na primeira vez em que falou sobre isso à Justiça, em abril deste ano, Palocci disse que Lula mencionara a cifra de R$ 200 milhões. Ao depor pela segunda vez há duas semanas, o ex-ministro afirmou ter ouvido R$ 300 milhões.
Palocci também deu informações diferentes ao situar o encontro no tempo. Primeiro disse que ele ocorreu antes da eleição de 2010, realizada em outubro. Depois afirmou que ele aconteceu em dezembro.
SEGUNDA REUNIÃO
No depoimento prestado em abril, Palocci disse não saber quem havia tratado do assunto com Lula. E na audiência de duas semanas atrás acrescentou ao seu relato uma segunda reunião, ocorrida dois dias antes da posse de Dilma, com ela presente.
Marcelo disse acreditar que seu pai tratou de dinheiro com Lula porque Palocci o procurou depois para discutir valores que ele teria mencionado. Mas há duas semanas afirmou que só Emílio pode esclarecer o que houve. “A única pessoa que pode dizer que Lula sabia ou deixava de saber é meu pai”, declarou.
Para o advogado Tracy Reinaldet, que representa Palocci nas negociações do acordo de delação premiada, eventuais diferenças são “naturais”, porque, quando depôs pela primeira vez, o ex-ministro ainda não iniciara a discussão de sua colaboração.
“Ele estava mais defensivo antes, e hoje pode falar mais”, disse. “Eventuais divergências não devem ser interpretadas como sinal de que esteja mentindo, e mostram que não há combinação de versões com outros delatores.” O advogado afirmou que Palocci apresentará documentos para comprovar suas afirmações aos procuradores.
A Odebrecht entregou à Lava Jato agendas e documentos sobre 13 encontros de Emílio com Lula, ocorridos entre 2004 e 2010. Notas associadas a uma reunião de dezembro de 2010 se referem a favores prestados a Lula, mas nenhum dos papéis faz menção explícita a doações políticas. Os advogados de Lula consideram os documentos apócrifos e contestam sua validade.
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A VERSÃO DE CADA UM
Sobre o acordo que Lula teria selado com a Odebrecht antes de deixar o governo
Reprodução
[Marcelo Odebrecht fala sobre dinheiro para Temer, Skaf e Duda Mendonça]
Marcelo Odebrecht em depoimento
MARCELO ODEBRECHT
Função Ex-presidente do grupo Odebrecht
Situação Preso desde 2015, virou delator
O que contou Pediu que o pai, Emílio, informasse Lula sobre contribuições feitas pela Odebrecht desde 2008 e recursos disponíveis para a campanha de 2010
Quanto a Odebrecht ofereceu R$ 200 milhões
Quando No início da campanha de 2010
Frase “A única pessoa que pode dizer que Lula sabia ou deixava de saber é meu pai”, em 4.set.2017
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Reprodução
[Pagamentos continuaram após Lava Jato, diz Emílio Odebrecht]
Emílio Odebrecht em depoimento
EMÍLIO ODEBRECHT
Função Presidente do conselho de administração do grupo Odebrecht
Situação Delator, continua trabalhando no grupo
O que contou Prometeu a Lula que continuaria contribuindo com o PT na campanha de 2010, mas pediu que o presidente agisse para conter os pedidos dos petistas
Quanto a Odebrecht ofereceu R$ 300 milhões
Quando Na campanha de 2010
Frase “Eu não levei para o presidente Lula, não levei, porque eu não levava números para ele”, em 14.jun.2017
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Reprodução
[O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci depõe ao juiz Sergio Moro, em Curitiba.]
Antonio Palocci em depoimento
ANTÔNIO PALOCCI, em abril
Função Ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil
Situação Preso desde 2016, negocia acordo de delação premiada
O que contou Ouviu de Lula que a Odebrecht lhe repassara a informação de que tinha separado R$ 200 milhões para apoiar o PT, além dos recursos doados na campanha
Quanto a Odebrecht ofereceu R$ 200 milhões
Quando Antes da eleição de 2010
Frase “Não sei que pessoa fez chegar ao presidente essa mensagem”, em 20.abr.2017
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ANTÔNIO PALOCCI, em setembro
O que contou Lula fez um “pacto de sangue” com a Odebrecht dias antes da posse de Dilma, garantindo R$ 300 milhões para suas atividades políticas e o PT, além de favores pessoais
Quanto a Odebrecht ofereceu R$ 300 milhões
Quando Em dezembro de 2010
Frase “Lula me fala: ‘Emílio veio. Confirmou os 300 milhões e falou que pode ser mais se for necessário’”, em 6.set.2017
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