Governo reúne bancada federal para apresentar estudos de viabilidade da Malha Oeste

Estudo indica que são necessários R$ 1,9 bilhão

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Estudo indica que são necessários R$ 1,9 bilhão

O primeiro estudo de viabilidade econômica da malha oeste, operada pela Rumo All e que integra o ‘Pacto pelo Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul’, foi apresentado nesta segunda-feira (14) ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que convidou membros da bancada federal e deputados estaduais para a reunião. O estudo aponta que o para que o plano seja colocado em prática, o aporte financeiro necessário será da ordem de R$ 1,9 bilhão.

 “Entendemos que (a ferrovia) é vital para o Estado. Agora vamos formatar as premissas apresentadas e discutidas aqui, junto com a bancada federal, para serem validadas pelo Governo Federal, para garantir que os investimentos aconteçam”, avaliou o governador.

O estudo reuniu especialistas em logística e representantes do governo estadual, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), da Associação Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), da Rumo ALL, da Ferroviária Oriental da Bolívia, da Ferrovia Tereza Cristina e da Transfesa.

“O risco de encerramento da ferrovia foi descartado, foi feito todo um estudo do governo estadual junto com a Rumo ALL que resultou num conjunto de compromissos. Nós vamos ter um projeto para reativação da malha oeste da ferrovia. Mato Grosso do Sul tem volume de carga suficiente para viabilizá-la e agora temos que sentar com o setor produtivo e mostrar que com a tarifa (do setor) é possível transportar pela ferrovia”, pontuou Jaime Verruck, titular da Semade (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico).

Reinaldo destacou ainda a participação da bancada federal no processo de aprovação de algumas demandas apresentadas pela empresa concessionária da ferrovia para que o plano de desenvolvimento apresentado seja plenamente executado.

A elaboração do material apresentado nesta reunião contou com o respaldo do ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain, empresa especializada em estudos logísticos, cujos técnicos analisaram a demanda do potencial de transporte ferroviário da região, avaliando a produção e o consumo no Estado.

“Existe um primeiro salto de volume com nível de investimento e serviço adequado para a demanda, mas ainda precisamos de pontos importantes que dependem de ações em conjunto do grupo, do Governo Federal, da agência reguladora, do BNDES e do Governo do Estado para garantir a viabilidade da ferrovia. Com a união de todas as forças vamos atingir esse objetivo”, avaliou Daniel Rossi, responsável pelas Relações Institucionais da Rumo All.

De acordo com a empresa, a avaliação realizada levou em consideração que a história da ferrovia começou há 100 anos, com a definição do traçado e a construção da infraestrutura que permanece até hoje. E a grande maioria das locomotivas e vagões ainda é dos anos 60 e 70. A obsolescência e fatos relevantes das últimas décadas motivaram a migração de cargas para o modal rodoviário, levando a uma consequente queda no nível do serviço nos anos seguintes.

O estudo

O estudo apontou que para as cargas relacionadas à produção agrícola, tendo em vista o traçado da Malha Oeste, o escoamento da produção tem maior competitividade pela Malha Norte, que corta Mato Grosso do Sul –são cargas com destino ao porto de Santos. Já para o grande volume produzido na região sul do estado do Mato Grosso do Sul, a avaliação de demanda apontou que a melhor alternativa ainda é a ponta rodoviária até um dos terminais da Malha Sul, Maringa ou Londrina, no Estado do Paraná, reduzindo a distância total em 1.000 km até o Porto de Paranaguá, aumentando a rentabilidade do produto.

Nesses casos, o investimento que a Rumo ALL está fazendo nessas duas malhas irá abrir mais espaço para escoar e aumentar a competitividade dos produtos agrícolas do Estado.

Oportunidades

A grande oportunidade para a Malha Oeste, aponta o estudo, está no setor de papel e celulose. Além do volume já transportado hoje em dia pela ferrovia, a viabilidade passa pela expansão da produção na região de Três Lagoas e pelo novo projeto em Ribas do Rio Pardo.

Outro desafio está no crescimento expressivo do transporte de combustíveis no Mato Grosso do Sul por ferrovia, saltando de 5% transportado em 2014 para 75% da participação do mercado. O estudo ainda contempla o aumento da captação da carga geral produzida e consumida no Estado, além da manutenção das cargas atuais, como o minério da região de Corumbá.

Hoje, a Malha Oeste transporta cerca de 6 milhões de toneladas por ano. Considerando uma tarifa competitiva, é necessário que o volume atinja 14,5 milhões de toneladas anuais para sustentar a viabilidade da ferrovia na região, aponta o estudo de demanda.

Para atendimento desse volume potencial, considerando a melhoria no nível de segurança, o aumento da capacidade e da eficiência, o investimento necessário para adequar a Malha Oeste a esse novo patamar de carga é de R$ 1,9 bilhão, com a previsão de obras de infra-estrutura e superestrutura, adequação de pontes e passagens em nível, extensão e construção de pátios, e aumento de carga por eixo – além da compra de mais de 70 novas locomotivas e mais de 2 mil vagões.

Esses investimentos irão reduzir o custo variável da operação da ferrovia. Mas para garantir a viabilidade do projeto ainda é necessária a concretização de algumas premissas, tais como a realização de 100% do volume potencial em contratos de longo prazo, a redução do custo fixo, isenção de impostos, a definição de uma linha de financiamento adequada e a extensão do prazo de concessão para amortização dos investimentos.

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