Marquinhos deixa o PMDB e disputa o governo se sigla abrir mão de candidatura em favor de rivais

Para o deputado, é incoerente e um desrespeito à inteligência da população unir em um mesmo palanque políticos que se acusaram mutuamente de ladrão

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Para o deputado, é incoerente e um desrespeito à inteligência da população unir em um mesmo palanque políticos que se acusaram mutuamente de ladrão

Por considerar incoerente e um despeito a inteligência do eleitor, o deputado estadual Marquinhos Trad cogitou nesta quinta-feira (03) deixar o PMDB e disputar o Governo do Estado se o partido abrir mão de candidatura própria na sucessão estadual em favor do PT, tradicional rival dos peemedebistas em Mato Grosso do Sul.

“Desde 1996, ofensas pessoais são trocadas e em certos casos até envolvendo a família, por isso orientação interna do PMDB sempre pregou que, enquanto esse grupo estiver no comando do PT, não teria junção”, disse Marquinhos. “Mudar isso da noite para o dia é uma aberração”, acrescentou.

Em Mato Grosso do Sul, a rivalidade entre PT e PMDB ganhou tons de “baixaria” em 1996, quando André Puccinelli (PMDB) e Zeca do PT disputaram a comando da prefeitura da Capital. Os dois foram para o segundo turno, quando André venceu seu desafeto por 411 votos. Além de uma campanha recheada de trocas de acusações, a derrota levou Zeca à Justiça, por ver irregularidades na disputa eleitoral.

Desde então, PT e PMDB nunca mais se entenderam. André já chamou, por diversas vezes, Zeca de ladrão e disse que ele “chefiava uma quadrilha de corruptos”. Recentemente, ele prometeu cortar parte do seu órgão genital se o rival conseguisse 30 mil votos na disputa por vaga de vereador em Campo Grande. O petista, por sua vez, cansou de classificar o governador como autoritário, ditador e até de psicopata.

As baixarias também passaram pelo motel. Em 2010, André desqualificou as articulações do PT no sentido de enfrentá-lo na disputa pela sucessão estadual ao declarar que já levou “várias vezes os petistas para o motel eleitoral”. A declaração gerou ameaça de interpelação por parte da bancada do PT na Assembleia Legislativa.

Agora, tanto André quanto Zeca defendem união dos partidos nas eleições de 2014. “Seria superestimar interesses individuais e subestimar a inteligência do eleitor”, comentou Marquinhos. “Como vamos explicar para o eleitor que fulano não é mais ladrão e sicrano não é mais psicopata e que agora todos vão trabalhar juntos em prol do Estado?”, questionou o deputado.

Na chapa PT e PMDB, Delcídio seria candidato ao governo e André ao Senado, fechando as portas para a ascensão de novas lideranças peemedebistas como o prefeito Nelsinho Trad e a vice-governadora Simone Tebet.

Para Marquinhos, se realmente os interesses do Estado são o motivo do fim da rivalidade a união dos partidos deveria ter acontecido antes. “Se é para o bem do Estado, porque a junção já não começa nas eleições municipais?”, perguntou. Em Campo Grande, maior colégio eleitoral de Mato Grosso do Sul, PT e PMDB prometem se enfrentar mais uma vez este ano.

Faça o que eu digo e não faça o que eu faço

Marquinhos ainda questionou o posicionamento do partido em relação ao projeto de candidatura própria do PSDB em Campo Grande, ao mesmo tempo em que também sinaliza deixar o tradicional aliado na mão em 2014 para se unir aos rivais.

“Se o PMDB estranhou e até ameaçou retaliação a saída do PSDB, com quem sempre manteve uma relação harmônica, do arco de aliança na Capital, como agora quer fazer o mesmo ainda mais para se juntar ao rival”, comentou.

Diante de tantas controvérsias, Marquinhos confidenciou repensar sua permanência no PMDB. “Se essa aliança com o PT se confirmar, deixo o partido e disputo o governo para oferecer à população uma proposta nova e coerente, priorizando o interesse coletivo”, declarou.

Essa não é a primeira vez que o deputado discorda de posicionamentos do partido. Na Assembleia Legislativa, em diversas ocasiões, ele votou contra projetos do governo por considera-los prejudiciais à população. Na disputa pela prefeitura da Capital, Marquinhos se nega a pedir votos ao pré-candidato do PMDB, deputado federal Edson Giroto, por ver impedimento ético na candidatura, levando em contra processo de denunciação caluniosa que o parlamentar enfrenta no STF (Supremo Tribunal Federal).

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