A Justiça negou a liberdade ao intermediador preso na Operação Traquetos contra uma organização criminosa de tráfico de drogas que tinha um médico veterinário que havia investido R$ 1 milhão no grupo. O médico chegou a ficar preso, mas teve a liberdade concedida com medidas cautelares. 

O intermediário e o médico veterinário foram alvos do Gaeco, na segunda fase da operação, em agosto de 2023. A organização foi apontada pelo MPMS (Ministério Público Estadual) como de estrutura sofisticada. O grupo era responsável pelo tráfico em Campo Grande, Aquidauana, Anastácio, Bela Vista, Jardim, Caracol e Nioaque.

No dia 28 de junho, o desembargador José Ale Ahmad Netto, Relator em Substituição Legal, negou a liberdade ao intermediário. “Não se vislumbra a presença dos pressupostos indispensáveis para a concessão da liminar pleiteada, eis que não está o paciente a sofrer ou na iminência de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, notadamente porque da leitura da decisão combatida (f. 09-10), observa-se que esta foi devidamente fundamentada, apontando de forma clara os motivos que justificaram o deferimento do pedido ministerial, para realização de novas diligências de busca e apreensão, contra a qual insurge-se no writ.”

Após análise, o magistrado negou o pedido de liberdade. Na primeira fase da operação, foram cumpridos nove mandados de prisão. Um CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), um dos alvos nas investigações, foi apontado como um dos líderes da organização.

Já na segunda fase, foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva e dois mandados de busca e apreensão, nos municípios de Campo Grande, Corumbá e Santana de Parnaíba, em São Paulo. De acordo com as investigações, o médico veterinário forneceu dinheiro para a compra de cargas de drogas na fronteira do Brasil com o Paraguai. Um traficante, com condenação anterior na região de Jardim, que sabia como operar no esquema, é suspeito de ter intermediado a compra.

Organização sofisticada

Organização estruturada, articulada e com logística sofisticada: assim foi definido o grupo alvo da Operação Traquetos, deflagrada pelo Gaeco no dia 8 deste mês, na Capital.

A organização criminosa também traficava pedras preciosas e ouro, mas a base era o tráfico de drogas. As investigações mostram que o grupo chegou a transportar cerca de 10 toneladas de maconha.

Em interceptações telefônicas, investigadores do Gaeco descobriram a troca de 931 mensagens entre um dos líderes e outro membro do grupo. As mensagens foram trocadas em um período de 15 dias, entre 8 e 23 de junho. Os dois discutiam a retirada de 200 peças de maconha de uma garagem, que era usada por eles como ‘guarda-roupa’ – termo usado para mencionar o local onde escondiam a droga.

“Já! Já retirou velho, eu já paguei tudo lá já, ai o GURI cobrou SETE CONTO, SETE PEÇA lá pra retirar e guardar lá, tem que ter DUZENTAS E DUAS PEÇAS lá certinho, ele já conferiu já, só falta o *** ligar o telefone e entrar em contato que o GURI lá vai buscar, eu já passei o telefone pro GURI só que chega aqui, chega lá ele não responde”, diz uma das mensagens interceptadas pelo Gaeco.

Em outra mensagem é possível perceber a preocupação dos membros da organização em relação à polícia que sempre estava na região. “Uma semana que é pra pegar o BAGULHO lá e ninguém pega mano, porra cara eu tô, é foda mano aqui toda hora tá POLÍCIA entrando aqui entendeu? Tá lotado aqui não dá pra ficar com o telefone em cima não”.

Segundo as investigações, outra preocupação da organização era a necessidade de encontrar outro lugar para armazenar a droga.

Em outra interceptação telefônica entre um casal, também alvo da operação, a mulher questiona o marido sobre como ele estava ligando para ela de dentro do presídio e o homem responde que entrou na unidade prisional com o chip do celular embaixo da língua.

Na conversa, o casal fala da movimentação financeira das atividades ilícitas. A ligação dura pouco mais de 3 minutos e o homem pede à mulher que salve seu novo número.