Em novo julgamento, após ter a condenação anulada, o ex-sargento da FAB (Força Aérea Brasileira) Tamerson Ribeiro Lima de Souza, 32 anos, manteve a alegação de que apenas tentou conter a esposa Natalin Nara Garcia, de 22 anos, quando a matou com um golpe de mata-leão em fevereiro de 2022, em

No interrogatório, aos jurados, Tamerson lamentou o que aconteceu e disse que não houve motivo torpe. Segundo ele, o caso não aconteceu por briga ou xingamentos. “Eu apenas tentei conter ela ao ver mais um episódio de agressão”, disse.

O juiz Aluisio Pereira dos Santos chegou a questioná-lo o motivo de ter agido de forma exagerada ao tentar contê-la. “Momento de emoção. Não dava para pensar em outras alternativas. Não tive sabedoria no momento da emoção”, respondeu. 

Advogados demonstram como Tamerson tentou conter Natalin (Mirian Machado, Midiamax)

Ele não quis responder às perguntas da acusação, nem comentar o crime de ocultação de cadáver. 

Disse ainda que a filha de Natalin estava acordada, mas que não viu o momento em que o golpe de mata-leão foi aplicado. 

Ele negou qualquer outro motivo para o crime. Confessou que o relacionamento de 4 anos tinha muitos altos e baixos e que nos últimos meses as agressões por parte da esposa eram quase que diariamente. “Faltou maturidade de nós dois em ter ido morar cedo, antes de nos conhecermos melhor”, disse afirmando ainda que eles tinham chance de dar certo e que não tem raiva nem culpa a vítima pelas agressões. 

“Ela era refém do passado dela”, comentou referindo-se aos abusos que Natalin teria sofrido, inclusive o tempo que ficou em abrigo.

Relatou que nunca registrou ocorrência porque, além de medo, tinha vergonha da situação. Não contava para amigos nem para a família o que vivia. “Ela se perdeu dentro dela. As agressões eram potencializadas quando estava embriagada”, disse.

Os advogados de defesa João Ricardo Batista e Talita Dourado demonstraram como teria sido a forma com que o ex-militar conteve a vítima.

Novo julgamento

Tamerson foi condenado, em novembro de 2022, a 23 anos e quatro meses por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, porém o MPMS (Ministério Público Estadual) recorreu, já que os jurados desconsideraram a qualificadora de feminicídio.

E, então, foi submetido a novo julgamento, tendo o anterior sido anulado.

Levou filha para escola com Natalin no porta-malas 

Após matar Natalin com um mata-leão, o ex-militar da Aeronáutica enrolou o corpo em um lençol, colocou no porta-malas e esperou o dia clarear. Ele ainda simulou conversas no WhatsApp fingindo ser Natalin para despistar a polícia.

Tamerson relatou que quando Natalin chegou à residência do casal, ela teria passado a xingá-lo, ofendê-lo e estapeá-lo, momento em que teria tentado segurá-la aplicando um mata-leão. Natalin caiu desacordada e Tamerson teria tentado acordá-la, mas acabou percebendo que a jovem estava morta.

O militar, então, a teria enrolado em um lençol e colocado o corpo dentro do porta-malas do carro. Ele esperou o dia clarear e levou a filha de 4 anos para a escola, com o corpo escondido no carro.

Depois foi até a rodovia e pegou uma estrada de chão, onde desceu, retirou o corpo e o arrastou até o matagal, onde o abandonou.

Feminicídio

O crime aconteceu na madrugada do dia 4 de fevereiro de 2022, na residência do casal, no Residencial Oliveira. Conforme a denúncia, Tamerson e Natalin conviviam maritalmente há quatro anos e tinham uma filha.

Naquele dia, a vítima chegou em casa de madrugada e o casal teve uma discussão, quando Tamerson estrangulou a esposa com os braços, em um golpe de ‘mata-leão'.

Tamerson esteve preso na Base Aérea de Campo Grande, quando foi detido em flagrante após o corpo de Natalin ser encontrado, mas foi transferido ao presídio após a exclusão da FAB.