Uma “Vakinha” online foi criada para ajudar familiares do médico Gabriel Paschoal Rossi, assassinado em Dourados em uma emboscada no último fim de semana. O valor será usado para as despesas com funeral, translado e enterro e a expectativa é arrecadar R$ 35 mil.

Até por volta das 14h deste domingo (6) já haviam sido arrecadados R$ 20,7 mil. A vakinha pede que a ajuda seja feita como gesto de amizade e amor por Gabriel em um ato de solidariedade à família.

O texto lembra e descreve como Gabriel era e o quanto sonhou para se tornar médico. “Gabriel foi um menino simples, sempre animado e muito dedicado. Depois de muito estudo, noites sem dormir, aulas e mais aulas, formou-se em medicina e conquistou o tão sonhado CRM. Menino de sorriso fácil, olhar doce e aquele sotaque apaixonante. Em dias tristes, gostava de conversas profundas, onde partilhava acontecimentos da infância e dividia momentos de luta, de tristeza e do esforço da família para mantê-lo em Dourados. Empenhava-se para ser o grande orgulho da família, aquele que seria médico, o Dr. Gabriel Rossi. Com o CRM, agora os planos eram gigantes“, diz o texto.

Ainda segundo relatado, o médico tinha sonho em trabalhar com Nutrologia Esportiva e ser referência na área. “De beleza inquestionável, competência reconhecida e simpatia contagiante, Gabriel conquistava todos por onde passava. Deixará muita saudade para colegas de turma e professores, colegas de academia, vizinhos, amigos do trabalho, pacientes e familiares”.

O texto finaliza pedindo ajuda para que o fardo da perda não seja ainda maior para a família, que já lida com a dor irreparável da perda.

Homenagens

Enquanto o corpo de Gabriel seguia viagem de volta em um carro funerário para Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu, os amigos da 20ª turma do curso de Medicina da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), prestavam homenagens.

Na entrada do auditório da UFGD que estava lotado pelos colegas de curso e também por amigos professores e profissionais da área de saúde, um poema de Santo Agostinho escrito em um banner ao lado de fotos, entre outras palavras dizia: “(…) sorriam, pensem em mim. Rezem por mim”.

No local o silêncio era percebido e só foi quebrado quando o amigo Matheus deu início a uma espécie de funeral sem corpo presente, mas com marcado pelo respeito por alguém que partiu, mas que deixou saudades em conviveu com ele. “Estamos aqui para nos despedirmos de você amigo”.

Na manhã de sexta-feira (4) funcionários da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) onde Gabriel também dava plantões, fizeram um ato de despedida. No local também foi plantada uma árvore.

“Ele sempre foi um menino batalhador e de coração bom! Estudou e se dedicou por muitos anos para conseguir se formar, contou com a ajuda de muitos da família para alcançar seu sonho”, disse o tio de Gabriel em Hernane Jandrey, em conversa com a reportagem do Midiamax.

Emboscada e assassinato

A polícia só foi informada do desaparecimento do médico só na quarta-feira (2), apesar da família procurar pela vítima desde o último dia 27.

Gabriel foi localizado morto em uma casa de aluguel por temporada na manhã de quinta-feira (3). A suspeita é o crime tenha sido passional.

O carro do médico, um HB20, estava em frente a uma residência na Vila Hilda. O corpo do médico estava em uma cama, amarrado, em estado de decomposição. A polícia aguarda laudo para identificar se a morte foi por estrangulamento/asfixia.

As investigações, segundo delegado Erasmo Cubas da SIG (Seção de investigações Gerais), dão conta de que a vítima teria ido sozinha até a casa, sem estar forçada. “Ela compareceu lá a pedido de alguém, onde os fatos se desenrolaram”, disse.

Há algumas linhas de investigação, mas a principal é homicídio passional devido a novas informações que chegaram à delegacia.

Informações apuradas pelo Jornal Midiamax indicam que no dia 27 de julho o médico teria recebido uma ligação misteriosa que seria de uma mulher com quem ele estava se relacionando. A mulher seria comprometida e moraria em Ponta Porã.

 A casa onde o corpo foi encontrado havia sido alugada há 15 dias por duas pessoas, ainda não identificadas. Elas pagaram adiantado pelo aluguel que foi feito por um aplicativo. Os vizinhos não desconfiaram, já que o local era alugado por diária. 

O desaparecimento 

No dia 29 de julho era para o médico ter cumprido plantão na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), mas não apareceu, bem como no sábado (30), no Hospital da Vida. Amigos e familiares mantiveram contato pelo WhatsApp dele, mas desconfiaram que outra pessoa estaria respondendo.

Os policiais foram até o apartamento dele, mas encontraram o local intacto. As redes sociais foram deletadas.

Natural do Rio Grande do Sul, Gabriel se formou em março deste ano pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e também trabalhava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e no Hospital da Vida.