Operação contra ‘Barão’ do tráfico apreendeu fazendas de onde partiam aviões com drogas
No total, 13 propriedades foram apreendidas na operação ‘Pavo Real’ e são consideradas peças-chave na logística do esquema
Marcos Morandi, Mirian Machado –
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Ao total já são 12 pessoas presas e 13 bens apreendidos na Operação Pavo Real que foi desencadeada na manhã de segunda-feira (10) e ainda está em andamento. A ação da polícia acontece nos departamentos de Amambay, Concepción e Central no Paraguai, fronteira com Ponta Porã.
Até a tarde de segunda-feira, havia 11 pessoas presas, sendo 6 homens e 5 mulheres, entre eles contadores, advogados e representantes das empresas investigadas. A última prisão ocorreu na noite de ontem (10), após o sócio de uma dessas empresas comparecer voluntariamente na Base de Operações da Senad em Assunção. Ele ficou preso, pois havia um mandado de prisão em aberto.
Até o momento, foram realizadas diligências em 41 locais. Os 12 presos, sendo 5 em Assunção e 7 em Pedro Juan Caballero, fariam parte da organização criminosa comandada por Jarvis Chimenes Pavão, principalmente no ramo empresarial para lavagem de dinheiro de atividades ilícitas.
Foram localizados em Concepción e Amambay 12 estabelecimentos rurais, entre eles, a fazenda “Cielo de Dios”, que já havia sido diligenciada no primeiro dia de operação. Todos esses bens faziam parte do patrimônio da organização criminosa e são peças-chave na logística do tráfego aéreo ilícito a partir deles.
As propriedades serão entregues à Senabico (Secretaria Nacional de Administração de Bens Apreendidos e Perdidos) e colocadas à disposição do Estado Paraguaio.
A operação ainda segue em andamento, sendo realizada entre a Polícia Federal, a Senad e o Ministério Público.
Manuscrito interceptado
As informações que auxiliaram o início da operação saíram de uma carta manuscrita por Jarvis Chimenes Pavão, o ‘Barão das Drogas’ em Pedro Juan Caballero, e que foi interceptada no Presídio Federal de Brasília.
Nela havia informações sobre suas propriedades no Paraguai, onde Pavão afirmava que determinada propriedade pertencia a ‘fulano’, sendo as demais a outra pessoa.
“Algumas empresas gerenciavam essas propriedades. Estamos falando de 11 pessoas jurídicas, e em relação às pessoas físicas, são 32. Elas movimentavam um total de 150 milhões de dólares no Paraguai, enquanto no Brasil eram 85 milhões de dólares”, explicou Francisco Ayala, diretor de comunicação da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas).
Operação
No entendimento da Senad, mesmo preso, Jarvis Chimenes Pavão continua comandando ações criminosas, que envolvem o tráfico de grandes toneladas de cocaína, principalmente por meio de uma rota que envolve o Rio Grande do Sul.
As diligências iniciadas nesta segunda-feira estão focadas na investigação patrimonial e financeira do esquema montado pelo criminoso. Essa ação, segundo o órgão faz parte de um acordo estabelecido no âmbito do Mercosul contra o poder do “Barão das Drogas”, como Pavão é conhecido.
As investigações da polícia miram imóveis e empresas geridas por testas de ferro, advogados e até funcionários de cartórios. Entre os dados coletados pela polícia, um manuscrito foi encontrado na cela de Pavão, no qual constava uma lista de imóveis. Elas coincidiam com a lista de bens extraída do computador do seu filho.
Durante as diligências comandadas pela Senad, o esposo da promotora paraguaia Kátia Uemura, Daniel Montenegro atirou contra os agentes e acabou preso. A Senad, entretanto, não deu detalhes sobre o envolvimento dele no âmbito das investigações.
A operação, denominada “Pavo Real”, é resultado de uma investigação que se estende por mais de 30 anos sobre o histórico criminal do narcotraficante Jarvis Chimenes Pavón, atualmente cumprindo pena no Brasil.
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