‘Barão das drogas’: após devassa da Pavo Real, Paraguai confisca mais de 50 imóveis

As propriedades apreendidas durante a operação Pavo Real passam a ser administradas pela Senabico

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Fazenda em Pedro Juan está entre os imóveis (Foto: reprodução, Senad)

Depois de identificados, os 52 imóveis apreendidos pelos agentes da Senad (Secretaria Nacional antidrogas) durante a operação Pavo Real, deflagrada no início desta semana, passam para as mãos do Governo Federal. Os bens pertencentes a Jarvis Chimenes Pavão estão avaliados em US$ 150 milhões de dólares.

As investigações feitas pela Senad, resultaram na identificação de bens que vão desde empresas comerciais do ramo de construção e hotéis até fazendas. As propriedades estão distribuídas nos departamentos de Amambay, Concepción, Central, Alto Paraná e San Pedro e foram adquiridas como forma de lavagem de dinheiro do tráfico internacional de cocaína.

Após a oficialização das apreensões, no âmbito da operação Pavo Real, os procuradores do narcotráfico Osmar Segovia, Fabiola Molas e Isaac Ferreira, pediram a suspensão de todos os procedimentos nessas propriedades por parte dos investigados.

Segundo informações da mídia paraguaia, o juiz de garantias penais e especializado em Crime Organizado, Gustavo Amarilla, decretou as medidas cautelares e autorizou o repasses de todo o patrimônio já identificado para a Senabico (Secretaria Nacional de Bens Apreendidos e Perdidos) do Paraguai.

Na linha de frente da estrutura criminosa montada para administrar os bens da família está o filho de Jarvis, Luan Pavão Nascimento Filho. Ele também está preso, mas o acesso dos interlocutores era mais fácil, segundo informações obtidas pela Senad (Secretária Nacional Antidrogas) que foram cruzadas com a carta escrita pelo pai.

Na sequência, aparecem o padrasto e também a própria mãe de Jarvis. Ela é apontada como a responsável pela ligação entre os demais membros, que incluem a esposa de Jarvis, seu irmão, uma filha e o marido dela. Eles encabeçam a lista que totaliza 41 pessoas envolvidas no esquema milionário de lavagem de dinheiro da família.

Testas de ferro

 Até o momento, 12 pessoas foram presas e alguns bens apreendidos na Operação Pavo Real que foi desencadeada na manhã de segunda-feira (10) e ainda está em andamento. A ação da polícia acontece nos departamentos de Amambay, Concepción e Central no Paraguai, fronteira com Ponta Porã, e é um desdobramento de outras sete já realizadas ao longo de três décadas.

Até a tarde de segunda-feira, havia 11 pessoas presas, sendo 6 homens e 5 mulheres, entre eles contadores, advogados e representantes das empresas investigadas. A última prisão ocorreu na noite de segunda-feira (10), após o sócio de uma dessas empresas comparecer voluntariamente na Base de Operações da Senad em Assunção. Ele ficou preso, pois havia um mandado de prisão em aberto.

Até o momento, foram realizadas diligências em 41 locais. Os 12 presos, sendo 5 em Assunção e 7 em Pedro Juan Caballero, fariam parte da organização criminosa comandada por Jarvis Chimenes Pavão, principalmente no ramo empresarial para lavagem de dinheiro de atividades ilícitas.

Capelinha e nomes bíblicos

Entre os bens já localizados pelos agentes da Senad em Concepción e Amambay estão 12 propriedades rurais. Entre eles, a fazenda “Cielo de Dios”, que já havia sido diligenciada no primeiro dia de operação. Todos esses bens faziam parte do patrimônio da organização criminosa e são peças-chave na logística do tráfego aéreo ilícito a partir deles.

 As fazenda apreendidas são: Cristo Rey, Ramonita Pavão, Villa Loma, Negla Poty, Pindura, Corralito, Confinamiento, Salmo 23, Iglesinha, Jaraguá, María Cristina e Jandira e a fazenda Villa Loma, que é mais afastada onde o acesso praticamente só é possível chegar por meio aéreo. Alguns dos nomes são referências bíblicas, uma vez que o ‘Clã Pavão’ é considerado religioso.

Em uma das propriedades administradas pela organização, durante as diligências os agentes descobriram uma ‘capela particular’ arquitetada em pedras e que fica sobre um morro em Amambay. O local era utilizado como oratório pela mãe de Jarvis nas horas de recolhimento espiritual.

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