Câmeras de segurança filmaram o momento em que o radialista Humberto Andrés Coronel Godoy, de 33 anos, é assassinado a tiros em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, a 346 quilômetros de Campo Grande. O crime aconteceu no início da tarde de terça-feira (6).
No vídeo é possível ver o momento em que Humberto vai até o carro e tenta abrir a porta, logo ao sair da rádio. Ele está parado ao lado do veículo, tentando abrir, quando o suspeito chega sozinho em uma motocicleta. Humberto ainda tenta correr, mas é atingido por vários disparos.
Ferido com vários tiros, o radialista morreu no local. Jornalistas de Pedro Juan Caballero questionaram à polícia por que os militares que deveriam estar na frente do prédio, fazendo a segurança, estavam na outra esquina. É apurado se houve negligência, já que o radialista foi assassinado na frente da rádio, assim que saiu do local.
Testemunhas encaminharam ainda fotografia dos policiais, que estariam sentados na porta da rádio, usando o celular, momentos antes do atentado. Não há confirmação oficial de que a foto seja deste momento.
Ameaças ao radialista
No dia 10 de junho, Humberto Coronel e o colega Gustavo Manuel Báez Sánchez, 28 anos, procuraram a 7ª Delegacia de Polícia em Pedro Juan Caballero (PY). As ameaças foram feitas por meio de um cartaz deixado na frente da casa de Gustavo Báez.
“Sabe muitas coisas, vamos apagando o que sabe muito, Gustav, Humbetito”, diz a frase. Após formalizada a denúncia, o SPP (Sindicatos dos Jornalista do Paraguai), por meio da delegacia regional de Amambay, divulgou nota de solidariedade aos colegas de Pedro Juan Caballero, em que também repudia o ato.
Na nota, o sindicato dos jornalistas também “exige das autoridades jurisdicionais competentes uma investigação séria e responsável para chegar ao (s) autor (es) do ato punível de que foram vítimas”.
Ainda de acordo com a entidade, é necessário que sejam ativados protocolos de proteção tanto para os membros da imprensa quanto para seus familiares, a fim de resguardar sua integridade física. “Pedimos atenção especial às autoridades para esclarecer este ataque à liberdade de imprensa”, conclui a nota do SPP.
Ministério Público foi acionado
O Ministério Público foi acionado pelos outros colegas de Humberto. Eles fizeram a denúncia relatando que uma conta do Facebook enviou recados a rádio dizendo: “Muitos vão chorar, Humberto escondeu todas as informações que deveriam ser passadas sobre Gabriel, assim como todos os jornalistas são pagos por ele para ficar calados e todos vocês os esconderam”.
A mensagem dizia: “Agora é Humberto e uns poucos que vão comer chumbo se não nos disserem onde está Gabriel. Onde ele está, você sabe onde ele está, vamos acertar a conta ainda. Damos quatro dias para localizá-lo”.
Segundo os colegas de Humberto, eles não sabem quem seria Gabriel. A promotora do caso revelou que as mensagens estão sendo analisadas e não descarta que possam ser mensagens para distrair a investigação.
Promotora ainda culpou jornalista pela sua morte
A promotora Katia Uemura disse que o jornalista seria responsável por seu próprio assassinato, já que deveria estar se ‘protegendo' ou ter ‘tentado consertar as coisas'. A promotora disse que Humberto se recusou a ter custódia e, mesmo assim, o Ministério Público colocou efetivos à disposição do radialista.
Segundo a promotora, teria sido uma decisão de Humberto rejeitar a escolta naquele momento. “Eu não atribuiria essa responsabilidade ao Ministério Público ou à polícia, já que uma pessoa ameaçada deve se proteger”, falou Katia.