O ex-servidor da Prefeitura de Campo Grande, preso preventivamente durante as investigações de assédio sexual que implicam o candidato ao Governo Marquinhos Trad (PSD) teve pedido de liberdade negado, nessa terça-feira (27). 

A defesa entrou com pedido de revogação da prisão que foi negada em sessão de julgamento, portanto, o ex-servidor continua preso. Ele é acusado de levar vítimas e testemunhas até um cartório de Campo Grande, as coagindo a mudar os depoimentos.

Na semana passada, o ex-servidor foi denunciado pelo MPMS (Ministério Público Estadual). A juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal, recebeu a denúncia, tornando réu o acusado. Ele responde pelos crimes de coação no curso do processo, corrupção ativa de testemunhas e favorecimento à prostituição.

O ex-funcionário do município foi preso no dia 31 de agosto, após o cumprimento de mandados pela (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Segundo a Polícia Civil, o ex-servidor foi indiciado no mesmo dia da prisão. Ele permaneceu em silêncio no interrogatório.

Coação de vítimas

Duas vítimas relataram que no dia 18 de julho de 2022 foram procuradas pelo ex-servidor. Ele disse que tinha um ‘negócio' bom para elas e que envolvia dinheiro, mas precisava falar pessoalmente em seu lava-jato. No dia 22, eles se encontraram e ele mandou que as mulheres desligassem os celulares e deixassem as bolsas para fora do escritório. 

Durante a conversa, o ex-servidor falou para as vítimas “deixarem para lá” a denúncia, já que tinham família, amigos e filhos e que a investigação demoraria dois anos no mínimo, não daria em nada e ainda exporia a imagem delas. Ainda segundo as mulheres, a conversa do ex-servidor era intimidadora.

Esquema de prostituição na Prefeitura

Uma testemunha que trabalhou na Prefeitura entre os anos de 2016 e 2018 revelou em depoimento que notou que havia um esquema de prostituição dentro do Paço Municipal e que era comandado pelo ex-servidor. Segundo a testemunha, o ex-servidor quase não aparecia na Prefeitura e quando aparecia apresentava comportamento de aliciamento e gerenciamento de meninas para a prostituição.

Ainda segundo o depoimento, foi percebido o aliciamento de mulheres jovens, com o mesmo perfil: magras, morenas, maquiadas, esteticamente produzidas e, principalmente, de hipossuficiência financeira. Elas eram inseridas no programa Proinc, porém só trabalhavam uma semana e depois desapareciam e logo surgiam outras meninas. 

Prisão e indiciamento

O ex-funcionário do município foi preso no dia 31 de agosto, após o cumprimento de mandados expedidos pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Ele foi indiciado no mesmo dia de sua prisão pelos crime de favorecimento à prostituição, coação no curso do processo mediante ameaça e corrupção ativa de testemunhas.

No dia de sua prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos material de campanha do candidato ao Governo Trad. Outros objetos como celulares foram apreendidos pela polícia. 

Em julho de 2021, ele foi exonerado. O ex-servidor foi nomeado em fevereiro de 2017, como gestor de projeto na Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos e depois atuou como gestor de projeto no gabinete do ex-prefeito até julho de 2021, quando foi exonerado.

Marquinhos alegou ‘armação política'

alegou, na época das denúncias, que tudo seria parte de uma ‘armação política' para prejudicar a candidatura dele a governador de Mato Grosso do Sul após uma discussão por WhatsApp com o secretário de estado de Segurança, Carlos Videira.

Marquinhos admitiu que cometeu adultério com ao menos duas das denunciantes enquanto era prefeito de Campo Grande, mas negou os crimes sexuais. Já em 2018, uma denúncia envolvendo suposto assédio contra uma menor aprendiz da Prefeitura chegou ao conhecimento da Polícia Civil.

Na época, o caso acabou arquivado e a jovem, conforme apurou o Jornal Midiamax, ganhou um cargo sem concurso público no gabinete da Prefeitura de Campo Grande.