Ex-servidor da prefeitura filmado com suposta vítima de Marquinhos em cartório se torna réu
Ele é acusado de levar mulheres no cartório para mudarem os depoimentos
Renata Portela –
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Nesta quinta-feira (22), se tornou réu o ex-servidor da Prefeitura de Campo Grande, preso preventivamente durante as investigações de assédio sexual que implicam o candidato ao Governo Marquinhos Trad (PSD). Ele é acusado de levar vítimas e testemunhas até um cartório de Campo Grande, as coagindo a mudar os depoimentos.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, o ex-servidor foi indiciado pelo MPMS (Ministério Púbico de Mato Grosso do Sul) na última semana. Nesta quinta, a juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal, recebeu a denúncia, tornando réu o acusado. Ele responde pelos crimes de coação no curso do processo, corrupção ativa de testemunhas e favorecimento à prostituição.
O ex-funcionário do município foi preso no dia 31 de agosto, após o cumprimento de mandados pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Segundo a Polícia Civil, o ex-servidor foi indiciado no mesmo dia da prisão. Ele permaneceu em silêncio no interrogatório.
O ex-servidor é acusado de coagir testemunha a ‘voltar atrás’ em depoimento prestado no inquérito que investiga as denúncias de assédio sexual. Ele teria procurado uma das testemunhas ouvidas no caso e a convencido a ‘desmentir’ o depoimento prestado. Assim, ela teria sido levada a um cartório, onde documento foi assinado, relatando o contrário do que tinha sido dito anteriormente à polícia.
Prisão do ex-servidor
No dia da prisão, equipes da Deam também cumpriram mandados de busca e apreensão na casa e também em um ‘estabelecimento’ do réu, onde funcionaria uma casa de prostituição. Foram apreendidos material de campanha do candidato ao Governo Marquinhos Trad. Outros objetos como celulares foram apreendidos pela polícia.
Além da casa de prostituição, o homem também é dono de um site, usado para favorecimento à prostituição.
Intimado duas vezes para depor
Marquinhos Trad foi intimado para prestar um primeiro depoimento na Deam na quarta-feira (21), mas não compareceu. Ao invés disso, momentos antes do horário marcado – 14 horas – a defesa apresentou documento em que solicitava o adiamento, para data posterior à eleição.
Já nesta quinta-feira, o candidato foi intimado novamente pela Polícia Civil em Dourados, onde cumpria agenda fazendo uma caminhada, em campanha eleitoral. Ele novamente se negou a prestar depoimento, alegando que está com agenda cheia e que só poderá comparecer após o dia 2 de outubro.
Alegou ‘armação política’
Marquinhos Trad alegou na época das denúncias, que tudo seria parte de uma ‘armação política’ para prejudicar a candidatura dele a governador de Mato Grosso do Sul após uma discussão por WhatsApp com o secretário de estado de Segurança, Carlos Videira.
Marquinhos admitiu que cometeu adultério com ao menos duas das denunciantes enquanto era prefeito de Campo Grande, mas negou os crimes sexuais. Já em 2018, uma denúncia envolvendo suposto assédio contra uma menor aprendiz da Prefeitura chegou ao conhecimento da Polícia Civil.
Na época, o caso acabou arquivado e a jovem, conforme apurou o Jornal Midiamax, ganhou um cargo sem concurso público no gabinete da Prefeitura de Campo Grande.
Denúncias de assédio sexual
Após o primeiro registro feito por uma das vítimas, na Corregedoria da Polícia Civil, outras mulheres procuraram a Deam para fazer denúncias de assédio. Em coletiva no dia 26 de julho, a delegada do caso, Maíra Pacheco, afirmou que a informação de suposto pagamento feito às mulheres para registrarem denúncias não consta no inquérito.
No entanto, conforme a delegada, tudo seria investigado e caso seja provado que as mulheres tenham recebido dinheiro, elas podem responder por falso testemunho. O crime tem pena de 2 a 4 anos, além de multa.
“Mas, não diminui outras denúncias das outras vítimas que procuraram a delegacia”, disse Maíra Pacheco. Ainda segundo a delegada, sobre as denúncias de assédio sexual, em “crimes como esse, a única materialidade são os relatos das vítimas. Temos de ter respeito em um país patriarcal”.
Na época, a delegada ainda explicou que outras pessoas estavam sendo investigadas, mas não revelou por quais crimes e nem a quantidade de suspeitos. Não existe ainda previsão de quando Marquinhos Trad deve ser ouvido pela polícia.
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