Eleito vereador de em 2012, José Alceu Padilha Bueno, 55 anos, foi assassinado em 20 de setembro de 2016, por um trio que roubou R$ 600 e a caminhonete da vítima em seguida. O veículo foi incendiado próximo da fronteira com o Paraguai. O corpo de foi localizado no dia seguinte, carbonizado e com sinais de estrangulamento na região do Veraneio.

Imagens de câmeras de segurança de um condomínio revelaram o momento em que o corpo foi abandonado no local pelos suspeitos e em seguida queimado.

Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) seguiu em investigações até a dos três envolvidos, em 29 de dezembro do mesmo ano. A princípio chegou a ser cogitada uma ligação entre a morte do ex-vereador e o escândalo sexual em que esteve envolvido, que revelou esquema de extorsão de políticos em 2015.

Porém, após trabalhos da polícia, foi descoberto que Alceu Bueno mantinha um relacionamento com Kátia de Almeida Rocha e que a assediava pelo WhatsApp. Elpídio Cesar Macena do Amaral também teria um relacionamento com ela e estaria com ciúmes, uma das possíveis motivações do crime. Os autores chegaram a alegar que a ideia inicial era reprimir o ex-vereador.

Quando o trio percebeu que Bueno costumava andar com muito dinheiro, planejou o roubo. Elpídio pediu para Kátia marcar um encontro com ele na casa dela, no Jardim Seminário. Ele teria sido assassinado ainda no quarto da mulher, a golpes de martelo e de uma tábua de carne. Alceu foi enforcado em seguida com a alça de uma bolsa.

O corpo da vítima foi levado até a região do Parque no próprio carro, uma Land Rover Freelander, onde foi incendiado. O trio roubou R$ 600 de Bueno no dia do crime e após não conseguirem vender o carro no Paraguai, também incendiaram o veículo na região de fronteira do Estado.

O trio, Kátia, Elpídio e Josian Edson Cuando Macena, foi preso em dezembro do mesmo ano.

Operação Free Lander

Após o assassinato, a polícia desencadeou a operação Free Lander – o nome refere-se ao veículo do ex-vereador. Em nota oficial, que explica a operação, a polícia afirma que “esse tipo de ação não coaduna com ações de criminosos que agem em ‘crime' por encomenda, de ou mando, amoldando-se mais aos crimes de roubo seguido de morte”.

A versão de queima de arquivo era a principal suspeita, já que o ex-vereador esteve envolvido em escândalo de exploração sexual, que abrangeu outros nomes da política. Para a polícia, ainda assim, outro detalhe que descarta a possibilidade de queima de arquivo, seria o veículo do ex-vereador, “porque não foi incendiado no mesmo local”. A polícia também afirma que, no mesmo dia em que o corpo da vítima foi encontrado, um “casal” esteve em Ponta Porã, oferecendo o carro à venda.

Câmeras de segurança mostram veículo passando ao lado de condomínio e na foto da esquerda clarão mostra o momento em que corpo é carbonizado

Condenação

No dia 20 de julho de 2017, o trio foi condenado. A sentença foi proferida na época pela 6ª Vara Criminal de Campo Grande, que decidiu pela de 21 anos de reclusão em regime fechado a Elpídio. Ele assumiu o assassinato e por isso teve redução da pena, por confissão. Já Kátia foi condenada a 22 anos e 2 meses e Josian a 22 anos.

Os condenados chegaram a apelar. Kátia pediu absolvição alegando não ter participado do crime nem visualizado o assassinato, mas a Justiça entendeu que ela foi coautora já que armou a emboscada.

Josian, apesar de negar o crime, e Elpidio pediram a desclassificação de latrocínio para lesão corporal grave seguida de morte, porém foram negados os pedidos. O Ministério Público foi a favor apenas da isenção das custas processuais de Elpídio e Kátia, mantendo a sentença aos demais pontos.

Escândalo sexual

José Alceu Padilha Bueno foi eleito em 2012 e renunciou em 2015 depois de ter sido flagrado em um motel com duas adolescentes, com menos de 18 anos. Ele foi indiciado por ‘favorecimento à prostituição ou de outra forma de exploração sexual de vulnerável'. Imagens de um vídeo no qual o ex-vereador aparecia com as garotas no motel chegaram a ser divulgadas.

À época, Bueno alegou que era vítima de um esquema de extorsão, assim como o ex-deputado estadual Sérgio Assis, também flagrado no motel com as adolescentes. Três pessoas, Fabiano Viana Otero, Luciano Pageu e o ex-vereador Robson Martins, foram presos pelo crime.

Em 2015, ao ex-vereador Alceu Bueno foi determinada pena de 8 anos e dois meses em regime fechado, pelo cometimento de dois crimes de exploração sexual de vulnerável.