Dupla suspeita de matar idoso no lugar do genro durante guerra de facções é presa em Campo Grande
Alvo de criminosos era o genro da vítima que conseguiu fugir em Sonora no dia 28 de fevereiro
Lívia Bezerra –
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Dois homens, de 22 e 24 anos, suspeitos de matar um idoso, de 62 anos, no lugar do genro, em Sonora, cidade a 361 km de Campo Grande, que vive uma onda de violência com quase 10 mortos desde o início do ano por uma guerra de facções, foram presos nesta quarta-feira (17).
A dupla foi presa no Jardim Presidente, em Campo Grande, pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) durante a Operação Divisas e Fronteiras, coordenada pelo Ministério da Justiça.
Eles são investigados pela morte de um idoso, alvo de dois disparos de arma de fogo, sendo um deles na cabeça. Ele estava sentado em uma cadeira na varanda de sua residência quando foi atingido. A dupla teria como alvo o genro da vítima, que conseguiu escapar e depois fugiu para o Mato Grosso, sendo preso também nesta quarta (17).
Segundo a Polícia Civil, o homicídio estaria ligado a guerra de facções criminosas que assola a cidade de Sonora desde o início deste ano. Os suspeitos estavam foragidos desde a época do homicídio e escondidos na Capital.
Após o cumprimento dos mandados de prisão, a dupla foi encaminhada para a unidade policial.
Mortes ligadas a guerra de facções
A disputa pelo poder econômico estaria ligada à guerra de facções entre PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), com a vinda de membros da facção rival do estado de Mato Grosso para a cidade de Sonora, a 361 quilômetros de Campo Grande.
Em janeiro, um empresário morreu por engano após um atirador tentar matar o funcionário dele em briga por facção. Em seguida, em fevereiro, confronto com a polícia terminou com dois supostos integrantes do Comando Vermelho mortos na cidade. E ao final do mesmo mês, o idoso, de 62 anos, foi assassinado a tiros no lugar do genro na varanda de sua casa.
Já em março, atentado em ginásio de esportes deixou mais dois mortos e um ferido, também palco da disputa pelo tráfico na região.
Ao fim do mês de março, no dia 28, Jose Augusto Pereira da Silva, de 28 anos, conhecido como ‘Da Leste’, morreu em confronto com a polícia em um terreno com vários quartos no fundo, na Rua do Engenho no Bairro Vila Nova. Ele teria atirado ao avistar os policiais, que revidaram. Denúncias eram de que no local funcionava uma boca de fumo e também teria armas de fogo.
Além disso, na madrugada da última segunda-feira (15), a funcionária de uma boate, Sabrina Machado, de 18 anos, foi morta com um tiro no tórax, já o alvo, um adolescente de 13 anos, ficou ferido na perna. No local, a perícia recolheu 13 cápsulas .380 e dois projéteis.
Três adolescentes apreendidos em flagrante confessaram que receberam ligação por videoconferência para instruções de como o crime ocorreria, desde a localização até instruções para retirar o alvo de dentro da boate.
Facções tentam controlar narcotráfico em MS
Rota para o tráfico de drogas, Mato Grosso do Sul acabou virando palco para embates entre as duas facções criminosas: PCC (Primeiro Comando da Capital) – que historicamente domina o Estado há pelo menos 25 anos, onde criou uma subsede da facção – e o CV (Comando Vermelho) – que agora tenta ‘invadir’ e dominar o Estado gerando guerra entre as facções.
Para o promotor de Justiça do estado de São Paulo, Márcio Sérgio, autor do livro Laços de Sangue – A História Secreta do PCC, em entrevista para o Midiamax, este embate entre as duas facções no Estado está longe de acabar, já que para o CV o Estado tem um papel importante na saída de drogas, assim como para o PCC, que tenta manter a sua hegemonia usando Mato Grosso do Sul como subsede da facção.
Neste embate que passou a surgir em Sonora, o promotor fala da relação de oportunidade que o CV viu ao tentar entrar no Estado para expandir sua rota. “Uma questão estrutural, e que deverá eclodir novamente com mais disputas entre as facções”, fala Márcio.
Mesmo depois da situação controlada pelas forças policiais que deflagraram a Operação Divisa, contra a guerra de facções, o promotor paulista não descarta novos embates entre PCC e CV. “Em algum ponto vai eclodir novamente esta disputa”, falou.
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