Os dois homens, de 26 e 34 anos, acusados de estarem em uma Land Rover e efetuarem 11 disparos contra o caminhão do funcionário de uma empresa de gelo, que descarregava em uma boate na Avenida Afonso Pena, continuarão presos. Eles passaram por audiência de custódia na manhã desta sexta-feira (18) e tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva.

Ambos cumpriam pena por tráfico de drogas e estavam em liberdade condicional. O preso de 26 anos alegou ter pegado a Land Rover emprestada de uma amiga, esposa do homem de 43 anos, “para dar uma volta nos autos da Avenida Afonso Pena”, mas teria sido fechado pelo motorista do caminhão antes do da Avenida Ceará. Ele confessou ter seguido o veículo e discutido com o motorista, mas disse não ter ocorrido qualquer agressão.

Já o preso de 34 anos afirmou que, na madrugada de quarta-feira (16) para quinta (17), “ficou em sua residência junto a sua esposa ingerindo bebida alcoólica”. Ele ainda afirmou não ter visto o momento em que o amigo de 26 anos pegou o carro de sua esposa.

11 tiros

Conforme relatado pelo motorista de 43 anos ao Jornal Midiamax, ele acabava de descarregar pela entrada do estacionamento de funcionários e estava na rua Espírito Santo para acessar a avenida Afonso Pena, acompanhado de sua esposa, após a boate sertaneja solicitar estoque de emergência para atender aos clientes. “Parei no sinal e tinha um HB20 parado em fila dupla do lado esquerdo, a Land Rover na faixa do meio e eu tive que ir para a terceira faixa, do canteiro para entrar na Afonso Pena”, afirmou o motorista, que está há cinco anos na empresa.

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Motorista de caminhão precisou de curativo na cabeça. (Foto: Henrique Arakaki – Jornal Midiamax)

Segundo ele, foi nesse momento em que o motorista da Land Rover o fechou e começou os disparos. Ele ainda disse ter sido perseguido até os altos da avenida Afonso Pena, fez o retorno e seguiu até quase a esquina com a rua . “Quando cheguei na quadra da Rio Grande do Sul ele me parou e deu as coronhadas e começou a me xingar. Eu pedi pelo amor de Deus para ele não fazer nada comigo”, relata.

Ele afirmou que só conseguiu pedir para a esposa abaixar. “Quando ele atirou pela primeira vez eu falei pra minha esposa deitar no chão do caminhão e continuei dirigindo”. Segundo o proprietário da empresa responsável pelo caminhão, é raro fazer entregas à noite, e estas são feitas normalmente durante o dia. “O motorista saiu da casa dele, deixou o carro na empresa e de lá carregou e foi até o cliente”, explicou.

Policiais do GOI (Grupo de Operações e Investigações) fizeram buscas pelo motorista e passageiro que estavam na Land Rover, e chegaram até um condomínio localizado na Rua da Divisão. Os suspeitos não foram encontrados no condomínio, somente em uma segunda diligência feita pelos policiais, quando estavam em um veículo VW Gol branco.

Boletim de ocorrência

Conforme consta no boletim de ocorrência, os dois suspeitos foram encontrados, junto a uma mulher, os três com sinais de embriaguez. O de 26 anos estava sentado no banco traseiro e, ao ser revistado, foi encontrada uma pistola glock com ele, junto a três munições intactas. Com o segundo suspeito, de 34 anos, também foi encontrada uma pistola Glock ao lado do banco do motorista, onde ele estava, com nove munições. Ainda conforme o registro policial, a Land Rover tinha sinais de colisão e pneus furados.

Contudo, não foi possível precisar de qual arma partiram os disparos, e por isso elas passarão por perícia. Os dois se recusaram a fazer o teste do bafômetro. O caso foi registrado como tentativa de homicídio na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro. Já o motorista do caminhão foi encaminhado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Coronel Antonino e recebeu três pontos na cabeça, sendo liberado e prestou depoimento na delegacia.

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Caminhão passou por perícia e disparos atravessaram a cabine. (Foto: Henrique Arakaki – Jornal Midiamax)

Outro lado

O advogado dos dois jovens, Paulo Macena, relatou ao Jornal Midiamax que a versão apresentada pelos clientes é de que o motorista de 26 anos estava sozinho no veículo e não efetuou os disparos. Segundo ele, houve uma discussão entre os dois e o cliente dele foi fechado. “Ele disse apenas para o motorista tomar mais cuidado, e ele foi rude com meu cliente, pegou e foi embora”.

Ele confirmou que o motorista estava com uma pistola na cintura, mas não tem porte. O outro rapaz, segundo ele, estaria em sua própria residência e o motorista teria ido devolver a Land Rover que era de uma amiga que mora no condomínio. Quanto a ser levado pelos policiais do GOI, Macena relatou que “os jovens estavam conversando e a polícia chegou”.