Preso há um mês em delegacia, Fahd Jamil se torna réu por assassinatos de Betão e Celin

Juíza aceitou a denúncia mas rejeitou pedido de prisão

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Na tarde de terça-feira (18), foi divulgado recebimento de denúncia contra Fahd Jamil, 79 anos, também Melciades Aldana e Gabriel de Rossi dos Santos pelo homicídio de Alberto Aparecido Roberto Nogueira, o ‘Betão’, e o policial civil Anderson Celin Gonçalves da Silva. Os dois foram encontrados carbonizados na traseira de uma camionete em Bela Vista, a 324 quilômetros de Campo Grande, em abril de 2016.

O aditamento da denúncia foi feito em abril e, agora, os três acusados são considerados réus no processo que trata da morte de Betão e Celin, a princípio apontada como uma vingança de Fahd pela morte de seu filho, Daniel Alvarez George. No entanto, a juíza Jeane de Souza Barboza Ximenes Escobar rejeitou os pedidos de prisão preventiva.

A magistrada afirma que embora tenha recebido a denúncia, há ausência de indícios suficientes de autoria para decretação da prisão preventiva, exigindo suporte probatório mais robusto do que o mero recebimento. Ela pontua que na própria narrativa da acusação, por se tratar de crime praticado supostamente por organização criminosa de forma planejada, poucos elementos probatórios foram deixados pelos autores.

A juíza ainda vê os rastros deixados pelos réus como provas indiretas. Oscar Ferreira Leite Neto, apontado como o autor dos disparos, foi o primeiro a se tornar réu no processo e tem contra ele mandado de prisão em aberto. Também foi feito um pedido de sigilo nos autos, mas que foi negado pela magistrada por não ver como a publicidade do processo possa atrapalhar o andamento da ação penal.

Preso no Garras

Considerado foragido após a terceira fase da Operação Omertà, Fahd Jamil se entregou à polícia no dia 19 de abril, aproximadamente 10 meses depois. Ele foi levado até uma cela do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Assaltos e Sequestros), onde permanece detido até esta quarta-feira.

O réu passou por audiência de custódia, onde foi mantida a prisão, e feito pedido da defesa para que cumpra prisão domiciliar. O juiz solicitou exames de urgência, mas houve um atraso. A intenção era de que até o fim de abril os laudos estivessem prontos para que a decisão fosse tomada pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande.

Até o momento não há definição de qual será o destino do preso. A defesa chegou a alegar que além dos problemas de saúde, ameaças teriam sido feitas contra Fahd e sua família por membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Transcrições de conversas em grupos onde o PCC ameaçava de morte Fahd foram anexadas ao processo.

Mortes de Betão e Celin

Segundo apurado pela acusação, no dia 20 Oscarzinho e Gabriel teriam ido até o pesqueiro em Caracol, com as vítimas. Em seguida, Gabriel foi para a casa do pai, adiantar os preparativos do churrasco, e uma hora depois as vítimas chegaram. Após todos deixarem a residência, Oscarzinho e Gabriel atiraram em Betão e Celin e colocaram os corpos na carroceria da Hilux prata.

O veículo foi deixado nas margens da rodovia e incendiado. Um terceiro envolvido no caso, Guilherme Gonçalves Barcelos, chegou a confessar que teria envolvimento no crime, mas afirmou que o autor dos disparos foram Oscarzinho e Gabriel. Guilherme chegou a ser preso, mas acabou cometendo suicídio em uma cela do Garras.

A investigação apontou que os denunciados teriam agido por motivo torpe, a mando de Fahd Jamil, para vingar a morte do filho Daniel Alvarez George, tendo como intermediário na execução Melciades Aldana, foragido pela Omertà. Foi apurado que Oscarzinho tinha relação íntima com Betão e até mesmo o chamava de pai, bem como a vítima o chamava de filho.

Além disso, no curso das investigações o Gaeco identificou que Melciades, o ‘Mariscal’, havia pesquisado várias vezes no Google nomes de pessoas que seriam ou foram assassinadas por grupo liderado por Fahd. A partir da morte de Betão, Melciades começou a pesquisar o nome dele no Google, desde a noite do dia 20. No entanto, só no início da manhã do dia 21 os corpos foram encontrados e os fatos noticiados.

É apontado pelos promotores que momentos antes de pesquisar pelo nome de Betão ainda no dia 20, Melciades checou notícias policiais em sites da região. Desta forma, o entendimento é de que ele agiu como intermediário nos homicídios, concluindo que ele tinha plena consciência das execuções.

Para a acusação, fica claro que Betão já não frequentava a região de fronteira, compreendendo Ponta Porã, Caracol e Bela Vista, por medo de vingança pela morte de Danielito, filho de Fahd. Foi constatado ainda que Gabriel esteve com as vítimas até o momento da execução, depois seguiu para Ponta Porã, onde chegou às 23h11 e confirmou as mortes aos mandantes.

Conteúdos relacionados