Fraudes previdenciárias geraram prejuízo de aproximadamente R$ 1 milhão

Desarticulado pela PF () na manhã desta sexta-feira (3), o milionário esquema de fraudes em pensões indígenas liderado por um servidor da (Fundação Nacional do Índio) em , a 350 quilômetros de Campo Grande, é só a ponta de um iceberg que pode levar a prejuízos previdenciários superiores aos R$ 1 milhão apurados até o momento. A avaliação é do delegado Felipe Menezes, que conduziu a operação.

Ao Jornal Midiamax, o delegado da PF informou que os materiais apreendidos em Amambai e Iguatemi, região Sul do Estado, indicam que a organização criminosa pode ter causado rombo ainda maior ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). “A partir de agora vamos analisar o material apreendido que indica a existência de mais fraudes. É como se fosse a ponta de um iceberg”, explicou.

Nesta manhã, 80 policiais federais de todo o Mato Grosso do Sul, com apoio de militares do Exército Brasileiro e assessores do MTPS (Ministério do Trabalho e ) e do MPF (Ministério Público Federal), cumpriram 14 mandados de busca e apreensão e 16 de condução coercitiva. Uma pessoa foi presa e outra é considerada foragida.

Segundo Menezes, o servidor da Funai que não teve o nome divulgado liderava o esquema fraudulento, que existia há pelo menos três anos e tinha um advogado de Iguatemi como assessor jurídico. “Esse advogado teve o exercício da advocacia suspenso pela Justiça porque era o braço jurídico da organização”, explicou o delegado.

“Até o momento, entre as fraudes apuradas a soma do prejuízo evitado e causado chega a R$ 1 milhão”, afirma o responsável pelas investigações que começaram há um ano. As pessoas detidas estão a prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Ponta Porã, de onde partiu a operação denominada “Urobos”, numa alusão à serpente mítica que é representada engolindo o próprio rabo, simbolizando o caráter destrutivo da cobiça e da ganância que moveram a organização criminosa.

De acordo com o delegado, o esquema fraudulento “se instalou a partir da atuação de um servidor da Funai de Amambai”. Ele já havia constituído mercado para fornecer produtos a indígenas das aldeias do Cone Sul do Estado e decidiu ampliar o leque de atuação.

“Depois o servidor deu início ao esquema fraudulento de benefícios previdenciários para indígenas especialmente em pensão por morte. Eles registravam crianças em nome de indígenas falecidos para pegar a pensão por morte. Faziam o registro tardio da criança após a morte do indígena”, revelou Menezes. Segundo o delegado, nesses casos a criança tem direito ao benefício retroativo, desde a data da morte do apontado como seu responsável. “Dá um valor vultuoso”.

Outra parte do esquema consistia na troca de guarda de crianças indígenas. “Eles pediam a guarda de uma criança com direito de fato ao benefício, mas apresentavam outra criança dizendo que ela vivia com indígena mancomunado com eles”.

De acordo com o responsável pela operação, havia entre os envolvidos índios e não índios. Eles devem ser denunciados por estelionato previdenciário e organização criminosa.