‘Acabou, você, teria dito policial para Amarildo na Rocinha

O Fantástico teve acesso à investigação sobre o sumiço do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido no dia 14 de julho após ser levado para averiguação por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o soldado Douglas Vital recebeu a informação de que Amarildo estava em um bar. Ele era suspeito de saber a localização de um esconderijo de armas de traficantes da favela. Imagens de câmeras de segurança mostram que oito PMs seguiram para o bar.

“O único abordado no bar foi o Amarildo”, disse ao Fantástico a delegada Elen Souto, que investiga o desaparecimento. “Quando o solado se refere ao Amarildo, ele o chama de ‘boi’, o apelido dele”. No inquérito, os policiais afirmaram que confundiram Amarildo com um traficante, chamado de Quinho, mas além de conhecer Amarildo até pelo Amarildo, os PMs fizeram quatro consultas sobre ele no portal da Polícia Militar.

Uma das testemunhas do caso disse que ouviu um dos policiais bater no ombro de Amarildo e dizer: “É boi, acabou. Você perdeu”. Uma escuta telefônica, com autorização a Justiça, também mostra diálogo entre o soldado Vital e o major Edson Santos. “Eles sabiam que estavam sendo ouvidos e montaram um verdadeiro teatrinho para distorcer a prova”. Uma mulher também confirmou que o major Santos lhe deu dinheiro para espalhar a versão de que Amarildo havia sido morto por traficantes.

A investigação aponta ainda que Amarildo foi torturado em um parque ao lado da UPP. Dez PMS foram presos na sexta-feira e serão julgados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.