MPF diz que bombeiro preso por tráfico em MS tem planos para matar juízes federais
Ales Marques atuava no Corpo de Bombeiros de Ponta Porã; MPF quer que encarcerado seja transferido para presídio federal e, de “preferência, para outro estado”
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Ales Marques atuava no Corpo de Bombeiros de Ponta Porã; MPF quer que encarcerado seja transferido para presídio federal e, de “preferência, para outro estado”
O Ministério Público Federal (MPF/MS) pediu à Justiça a transferência do soldado do Corpo de Bombeiros Ales Marques, 50, que está detido no Presídio Militar de Campo Grande, para um estabelecimento penal federal de segurança máxima, preferencialmente fora do estado. O pedido foi ajuizado nesta quinta (3). O militar foi detido ano passado pela Polícia Federal, em Ponta Porã, onde ele atuava.
Investigações revelaram que Ales, mesmo encarcerado, arquiteta a morte de desafetos e de juízes federais que atuam nos processos nos quais é acusado de liderar quadrilha de tráfico internacional de drogas.
Entre outras medidas, o MPF solicitou à PF providências para resguardar a integridade dos magistrados ameaçados.
O MPF sustenta ainda as questionáveis condições da custódia dele no presídio militar, onde está desde julho de 2010. Lá, ele continuou usando celulares livremente, acusa a promotoria.
Preso acompanha diligência fora do presídio
Outro fato relatado pelo MPF/MS foi a notícia da saída dele do presídio em 14 de janeiro deste ano, em uma viatura da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, junto com um capitão e mais dois policiais militares, para uma suposta diligência a uma chácara de Campo Grande, de posse alheia.
Ales Marques – sem algemas ou qualquer identificação da sua condição – e os policiais ingressaram no imóvel, contra a vontade do ocupante e sem mandado judicial, onde passaram a fazer buscas, sem especificar o que procuravam.
O fato foi confirmado pela Polícia Federal (PF), que obteve vídeos da ação e colheu dados que reforçaram as suspeitas da existência de planos de Ales Marques para assassinato dos magistrados e de um esquema de corrupção envolvendo a chefia da escolta de detentos do Presídio Militar de Campo Grande.
Pedidos do MPF
Além da transferência, o MPF pede ainda que a Justiça autorize o compartilhamento de provas com outros órgãos como Ministério Público Estadual (MPE), Corregedoria da Polícia Militar e a Justiça Militar Estadual. O MPF pede a instauração de inquérito na PF para apuração dos crimes de ameaça e coação contra juízes federais, por parte do preso.
Entenda o caso
Ales Marques foi preso em flagrante em julho de 2010 e teve a prisão preventiva decretada em outubro de 2010, durante a operação Maré Alta. O MPF denunciou 18 pessoas da quadrilha, inclusive a ex-mulher e os filhos do militar, que também estão presos. Foram apreendidos, com a associação criminosa, quase 80 kg de cocaína.
Conforme a denúncia, a quadrilha atuava com foco no abastecimento, em larga escala, a mercados consumidores de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A cocaína, proveniente do Paraguai, ingressava no Brasil pela fronteira seca entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã. Nesta cidade, a droga era acondicionada em veículos e seguia para o destino.
O acusado responde a duas ações penais, por tráfico e associação para o tráfico transnacional e interestadual de drogas, bem como tráfico internacional de arma de fogo. Os processos correm na Justiça Federal de Ponta Porã.
Em novembro passado, a Justiça Federal mandou leiloar 18 cavalos do traficante. O animais ainda não tinham sido identificados como de raça nobre. A mulher entrou com recurso, o leilão foi adiado (saiba mais sobre esse caso em notícias relacionadas, logo abaixo).
(colaborou: Celso Bejarano)
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