É da maior desonestidade ou ignorância esta preocupação da oposição mais à esquerda com a presença de militares em funções no governo federal. Os militares sempre foram relevantes na administração pública, emprestando sua experiência e idealismo, preparo técnico, para grandes projetos.

O presidente JK, quando implantou a indústria automobilística entre nós, atraindo importantes montadoras, escolheu um militar, o Almirante Lúcio Meira para tocar o projeto, o que o oficial fez com sucesso, assim como o da criação da indústria naval. Foi ainda presidente do BNDE – que não tinha o S –, também com JK.  O oficial já havia sido interventor no Estado do Rio de Janeiro, em 46. 

O ministério da Viação e Obras também foi exercido por um militar, o Comandante Amaral Peixoto, também ex-interventor e governador eleito do Estado do Rio.  Os presidentes da nomeados por Getulio foram Juracy Magalhães e Janary Nunes, ambos militares. Depois, a empresa teve Ozires Silva, Faria Lima, Levy Cardoso, Ernesto Geisel, entre outros militares.

Já na redemocratização, Itamar Franco teve mais de um ministro militar em pastas civis.

Foi Castelo Branco quem limitou a presença de oficiais na política, fixando dois anos no máximo fora das forças. E os militares brasileiros, sempre que tiveram de intervir na vida nacional o fizeram pontualmente. Na queda de Vargas, em 45, convocaram o presidente do STF, José Linhares. Em 55, seguiram a linha sucessória. Em 64, dada à necessidade de reconstrução nacional, assumiram, mas sempre em caráter de missão, nenhum postulou o cargo, e apenas por um mandato. E sempre eleitos pelo Congresso Nacional. Os demais foram eleitos diretamente, como Hermes da Fonseca e Eurico Gaspar Dutra.

Ney Braga, um dos governadores de 64, eleito, depois teve mandato indireto, mas foi eleito senador. Kruel foi deputado federal; o coronel Erasmo Dias, notável militar, deputado estadual em por seis legislaturas. Danilo Nunes, no Rio. Juracy Magalhaes foi governador eleito da Bahia. O Rio, Distrito Federal, Guanabara e Estado do Rio tiveram militares no Senado, como Alencastro Guimarães, Caiado de Castro, Gilberto Marinho, Paulo Torres e Amaral Peixoto.

Enfim, esta cobrança preconceituosa não tem o menor sentido.