A volta do AI-5

É de um ridículo total, para ser mais ameno, essas reações quando se faz referência ao Ato Institucional No 5 (AI-5) como mera força de expressão para lembrar um remédio amargo para um momento crítico. É bom lembrar que o ato foi há mais de meio século, o Brasil e o mundo viviam outro momento. […]

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Aristóteles Drummond

É de um ridículo total, para ser mais ameno, essas reações quando se faz referência ao Ato Institucional No 5 (AI-5) como mera força de expressão para lembrar um remédio amargo para um momento crítico.

É bom lembrar que o ato foi há mais de meio século, o Brasil e o mundo viviam outro momento. Foi uma reação necessária a um período de agitação e violência, com diplomatas sequestrados, atentados de toda ordem, quando o Brasil crescia a taxas superiores a 10% ao ano. O decreto veio devolver a paz e a ordem e assegurar o progresso, mesmo que à custa de lamentáveis excessos. Pertence à história.

Quando um médico avalia determinado quadro clínico de um paciente e é indagado qual a consequência se a medicação não resultar, normalmente ele responde que a opção será cirúrgica, coisa que não costuma ser desejável. Logo, citar a ruptura democrática de 1968 é mera força de expressão e não cabe cobranças, como as sofridas, primeiro, pelo deputado Eduardo Bolsonaro e, agora, pelo ministro Paulo Guedes.

O curioso é que os “indignados” subscreveram sessão da Câmara pelo centenário da Revolução Russa, que, nos seus 70 anos de vigência, matou mais de 20 milhões . E ainda são useiros e vezeiros na exaltação da Cuba totalitária há 60 anos, negando todos os direitos fundamentais, como o de ir e vir, a liberdade de empreender e a de imprensa. Sem falar na solidariedade a Maduro e Morales. Soa muito mal essa cobrança em torno da lembrança do ato que completa agora 51 anos.

O amadurecimento da sociedade brasileira é visível pela indiferença em relação a esses fatos, restritos a militantes e oportunistas, que ainda não perceberam que a plateia disposta a este tipo de encenação é cada vez mais insignificante. A recepção a Lula em seu périplo nordestino é prova inconteste, assim como o fato de não se aventurar a usar aviões de carreira em seus deslocamentos.

O povo brasileiro é ordeiro e trabalhador. Precisa e deseja emprego, melhoria no atendimento da educação e da saúde para suas famílias. O resto é discussão elitista de quem tem o seu garantido pelo Erário ou pelos pais  no final do mês.

A economia começa a reagir. O governo cumpriu sua parte com os projetos enviados ao Congresso. A bola está com os parlamentares para que esta recuperada não seja um “voo de galinha”.

O que todos querem do AI-% é o crescimento econômico, social e a paz. O resto é passado.

 

*Articulista e escritor