Ainda que a pandemia de covid-19 tenha afetado a rotina escolar de crianças em todo o mundo, a situação de estudantes refugiados causa preocupação entre especialistas. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a convergência de obstáculos que se acentuaram com a crise sanitária pode resultar na negação ao direito de acesso à educação. O alerta consta no relatório Unindo Forças pela Educação de Pessoas Refugiadas.Pandemia pode reduzir acesso de crianças refugiadas à educação

Pandemia pode reduzir acesso de crianças refugiadas à educação

De acordo com a entidade, até o final de 2019, 79,5 milhões de pessoas foram sujeitadas a deslocamentos forçados, das quais 26 milhões tiveram formalmente o reconhecimento da condição de refugiadas. No período, 264 mil recorreram ao governo brasileiro para reconhecimento da condição de refúgio. Desse total, cerca de 50 mil refugiados, de 55 nacionalidades, adquiriram o status formalmente, sendo que 90% eram provenientes da Venezuela e 4% crianças.

O relatório apresentado foi feito com base na análise de dados de 12 países, que concentram mais da metade da população de refugiados (Chade, Etiópia, , , Líbano, , Quênia, Ruanda, Sudão do Sul, Tanzânia, Turquia e Uganda).

O alerta, entretanto, vale para outras localidades já que é possível que haja recrudescimento das dificuldades entre crianças e adolescentes refugiadas em idade escolar.

No Brasil, com a pandemia e a digitalização das salas de aula, a exclusão escolar para as camadas mais pobres da população já é realidade, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Segundo a chefe do escritório do Acnur em , Maria Beatriz Nogueira, a anulação de direitos ocorreu não apenas quanto à oferta educacional, mas em termos de conectividade, algo essencial em uma fase na qual o ensino remoto se consolida. Também foram relatados problemas de acesso à água potável, habitação, transporte, saneamento básico e oportunidades de emprego.

Ela destaca, ainda, que a inserção no ambiente escolar é um dos principais mecanismos, senão o principal, de integração local  das famílias.

“As crianças começam uma atividade diária, o ensino da língua local é potencializado de uma forma exponencial, os pais começam a conviver, preconceitos começam a ser desfeitos, novos apoios começam a surgir. Então, sempre, de nossa experiência, é uma das principais ferramentas, senão a principal, de inclusão social das famílias e isso está cada vez mais distante nesse contexto de pandemia”, afirma.