Um projeto de Lei pretende instituir a frente parlamentar em defesa da tarifa zero no transporte coletivo urbano de Campo Grande. A proposta está pautada para ser votada na sessão da Câmara da Capital na próxima terça-feira (7).

O Projeto de Lei é de autoria da vereadora Luiza Ribeiro, do PT. Na última semana, a Câmara realizou uma audiência pública para abordar o tema. O encontro de autoridades, especialistas e usuários para discutir a tarifa zero para o transporte coletivo urbano da Capital. O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Mobilidade Urbana da Casa.

“Mobilidade urbana não é só transporte gratuito. Ele impacta em vários setores importantes da sociedade. Tem muita gente aqui em Campo Grande que não consegue emprego porque não tem dinheiro para ir em uma agência de emprego. Temos que pensar em qualidade. A mobilidade tem que ser a melhor opção, mas o transporte público hoje é falta de opção”, disse o vereador Prof. André Luís (PRD).

Segundo a vereadora Luiza Ribeiro, proponente do debate, o transporte público eficiente é essencial para o desenvolvimento sustentável das cidades. Uma tarifa acessível ou gratuita não apenas melhora a mobilidade urbana, mas, também, tem impactos positivos significativos no meio ambiente, reduzindo a dependência de veículos particulares e, consequentemente, diminuindo as emissões de gases nocivos.

“Nossa cidade possui a 10ª tarifa mais cara entre as capitais brasileiras, cobrando hoje o valor de R$ 4,65, mesmo com Município e Estado subsidiando o concessionário, que recebeu no ano de 2023 o repasse de R$31,2 milhões de reais do Município e R$ 10,2 milhões do Estado. Nesse sentido, vemos que a gratuidade do transporte coletivo urbano se apresenta como a melhor solução para ampliar o acesso das pessoas à cidade e ao mesmo tempo garantir um meio de deslocamento mais sustentável para o meio ambiente”, disse.

Mestre em Planejamento Urbano e Regional pela USP (Universidade de São Paulo), Daniel Santini é coordenador da Fundação Rosa Luxemburgo e especialista em Tarifa Zero. Para ele, o transporte coletivo urbano passa por uma grave crise, não apenas em Campo Grande, mas em todo o Brasil.

“A tarifa zero é uma possibilidade para tentar reverter esse quadro grave. Há uma queda nacional no número de passageiros transportados nas principais redes do país. Essa falência está relacionada a uma crise cíclica, onde não há mais equilíbrio. O trabalho de pensar e discutir é de suma importância. É preciso pensar em saídas para essa crise que está colocada”, afirmou.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande, Demétrio Ferreira de Freitas, falou das dificuldades que os profissionais enfrentam no dia a dia.

“O trabalhador, todos os anos, tem demandas muito grandes com o Consórcio Guaicurus, e ultimamente chegamos a paralisar, pois o Consórcio alega que a tarifa que recebe não é suficiente. Tarifa zero é o sonho de todo mundo e o transporte coletivo tem que ser prioridade também”, defendeu.

Em sua fala, o vereador Ayrton Araújo (PT), destacou que a tarifa zero é um investimento. “Vai gerar emprego e renda, além de melhorar a qualidade do transporte coletivo. É um custo alto para o trabalhador e para o empresário. É um projeto fantástico e espero que, realmente, após essa audiência pública, haja interesse do Poder Executivo”, disse.

Para o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), que integra a Frente Parlamentar em Defesa da Tarifa Zero na Câmara dos Deputados, operar o sistema de transporte através da tarifa não é o correto. “A conta não fecha e, cada vez mais, as pessoas vão deixar o transporte coletivo de lado. A tarifa zero não é uma coisa absurda. No mundo todo se discute esse tema e temos várias cidades com tarifa zero”, explicou.