Viagem no tempo: Musical Mamonas relembra um Brasil que não era chato
Dinho, Bento, Samuel, Júlio e Sérgio estão no céu e recebem uma mensagem do anjo Gabriel que diz para eles voltarem à Terra, pois o Brasil está muito chato, muito politicamente correto. Assim começa o espetáculo Musical Mamonas, que tem duas apresentações neste domingo (19), às 16h e às 19h no Teatro Glauce Rocha, em […]
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Dinho, Bento, Samuel, Júlio e Sérgio estão no céu e recebem uma mensagem do anjo Gabriel que diz para eles voltarem à Terra, pois o Brasil está muito chato, muito politicamente correto. Assim começa o espetáculo Musical Mamonas, que tem duas apresentações neste domingo (19), às 16h e às 19h no Teatro Glauce Rocha, em Campo Grande.
O musical está na terceira e última turnê, depois de 2 anos, de ter passado por 30 cidade e ser assistido por mais de 85 mil pessoas em todo o Brasil. Para o espetáculo, os atores Rafael Aragão, Jessé Scarpelini, Pedro Reis, Elcio Bonazzi, Arthur Ienzura e Reginaldo Sama foram selecionados para interpretar o quinteto de Guarulhos. Mas o musical conta, no total, com 17 atores, para contar a trajetória curta, mas fenomenal, do Mamonas Assassinas.
Na tarde deste sábado (18) o MidiaMAIS conversou com Rafael, que faz o Dinho, Pedro, que representa Samuel, e Jessé, que interpreta Julio. Durante a conversa descontraída, eles mostraram muita simpatia e como o entrosamento e amizade reflete e ajuda o espetáculo.
Espetáculo que remete às lembranças
Bem no estilo Mamonas de ser, Rafael brinca ao contar que “a ideia saiu da cabeça de 3 retardados, Marcio Sam, Túlio Rivadávia e Rose Downey. E eles chamaram uma pessoa mais louca ainda, o diretor, um gênio, um diretores mais consagrados do teatro, José Possi Neto”, descreve.
Em 15 dias de seleção eles escolheram os atores que, além de se parecerem fisicamente com os meninos da banda, deveriam, é claro, interpretar, cantar e dançar. “A gente interpreta quase todas as músicas dos Mamonas e é tudo ao vivo, temos uma banda de 5 músicos”, revela Rafael.
Jessé, ator que dá vida a Júlio, é um dos que mais se parece ao personagem. Hoje com 30 anos, ele revela que quando criança lembra “de brincar na escola e imitar os meus irmãos, eles gostavam muito de Mamonas”. Lembra inclusive do trágico acidente que matou os garotos de Guarulhos.
“Eu, meus irmãos e meus primos estávamos na casa da minha avó. Ela acordou a gente e disse ‘acabou tudo’. Lembro dessa frase”, recorda. “Na semana inteira Faustão e Gugu brigando pela audiência”, cita Jessé.
Rafael com 33 anos tem uma memória um pouco mais nítida e diz que “viveu os Mamonas”. Pedro, de 27 anos, tinha apenas 5 na época, mas lembra de como toda a história mexeu com ele. “Tenho até hoje a fita deles na casa dos meus pais”, declara.
Não é um show dos Mamonas
“Em nenhum momentos somos banda cover, é uma homenagem. A gente conta como eles se conheceram, como formaram a banda como o Dinho entrou, como o Júlio entrou, que foi o último. Eles formaram a banda Utopia e depois se transformaram em Mamonas, aí a gente mostra todo o sucesso meteórico deles”, relata o intérprete de Dinho. “A gente mostra tanta coisa que mostra até a batalha de audiência que tinha entre Faustão e Gugu”, adiciona.
Pedro acredita que este é justamente o ingrediente que cativa o público. “As pessoas acham que vai ser um show do Mamonas. A gente mostra as relações entre eles, que não eram conhecidas, tem uma história que as pessoas não conhecem”, detalha o ator que faz Samuel.
Viagem no tempo
Depois de contar a história inicial, aos 40 minutos de espetáculo a primeira música é tocada, que é “Pelados em Santos”. “Cria-se uma expectativa e a plateia enlouquece. Na sequência, 2 minutos depois, vem ‘Robocop Gay’, aí é o auge, eles gritam”, conta Rafael.
Outra cena muito tocante é o discurso que Dinho faz quando a banda de apresenta como Utopia em um ginásio de Guarulhos, mesmo local onde foram rejeitados. “Eles foram pedir para abrir o show de alguma banda famosa, mas o diretor disse que era impossível, que eles nunca tocariam lá, que seria mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que eles tocarem lá. Cinco anos depois voltam, com ingressos esgotados, ruas fechadas e eles se apresentam como Utopia, abrindo o show dos Mamonas. E ele faz esse discurso. Ele diz que o impossível não existe, ‘acredite nos seus sonhos’. É o desabafo de todo mundo que corre atrás do seu sonho”, analisa Rafael.
Marcio Sam, um dos produtores, confirma o efeito do musical. “O espetáculo fala muito de sonhos, do impossível, leva muito a responsabilidade pra você, que você consegue alcançar seus objetivos e quase 100% a plateia sai com esse frisson, de querer seguir em frente. Tem uma mensagem profunda”, avalia.
“É uma viagem no tempo, todo mundo volta pra infância, para uma parte da adolescência, quando o politicamente incorreto era ok. Hoje não pode brincar. O espetáculo fala disso, que o mundo tá meio careta. E o espetáculo começa no final, eles estão no céu e recebem uma mensagem do anjo gabriel dizendo que o brasil está muito careta. E eles voltam para tentar acabar com a caretice”, adianta Rafael.
Em Campo Grande
É a primeira vez de todos na Capital e dizem que estão gostando do calor. “A gente espera que o público venha, a gente adora fazer espetáculo”, diz Rafael.
“Quando a gente chega pela primeira vez na cidade é como o primeiro encontro, é uma estreia. Eu confio muito no espetáculo, mesmo pra quem detesta teatro, é algo que te leva pro passado, e acaba lembrando de coisas que você nem tem mais fresca na memória, é muito despretensioso. É muita baboseira, a gente brinca, mas é sério ao mesmo tempo”, detalha Jessé.
Serviço
Musical Mamonas
19 de agosto
Sessões às 16h e 19h
Teatro Glauce Rocha – UFMS
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