Na praia, elas formalizaram o amor que nutrem há 8 anos e agora se sentem seguras
No paradisíaco e tropical cenário que só a Bahia tem, a servidora pública Stéphani Demczuk e a cabeleireira Paula Garde, ambas de 29 anos, formalizaram o amor que nutrem há 8 anos e tornaram legal a união de 5. Rodeadas por poucos amigos e familiares, no dia 31 de outubro elas disseram o “sim” uma […]
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No paradisíaco e tropical cenário que só a Bahia tem, a servidora pública Stéphani Demczuk e a cabeleireira Paula Garde, ambas de 29 anos, formalizaram o amor que nutrem há 8 anos e tornaram legal a união de 5. Rodeadas por poucos amigos e familiares, no dia 31 de outubro elas disseram o “sim” uma à outra.
O casamento era desejado pelas duas já há bastante tempo, pois são 5 anos de convivência, mas realizar uma cerimônia, assim, com decoração, buquê e testemunhas, foi meio de última hora, “pois era pra gente se casar apenas no ano que vem”, conta Stephani.
“Em junho a gente começou a planejar, mas não sabíamos o que íamos fazer. A princípio seria só cartório, mas eu queria algo especial, pois a gente não tem muitas fotos juntas, eu queria fotos”, confessa ela.
“Desistimos de fazer um mini wedding, então decidimos viajar para casar, imaginando que ia só a gente mesmo”, detalha Stephani. E este foi o motivo para elas adiantarem o acontecimento. “Uma grande amiga que mora em Trancoso (BA), ia se mudar, então corremos para que acontecesse logo”, explica.
Depois de decidirem pelo que se chama de destination wedding, modalidade em que o casamento é realizado em outra cidade – geralmente num ponto turístico -, o próximo passo foi contar para a família e os amigos. “Quando falamos eles disseram ‘beleza, quando vai ser? A gente vai’. E ficamos assim: ‘e agora?’”, adiciona Stephani.
E agora? Não teve crise! Elas adoraram que os amigos próximos se dispuseram a presenciar o momento tão especial, além da família de ambas. “Não teve convite. Os amigos que queriam ir, resolveram e foram”.
Direitos
“A gente sabia que tinha a necessidade de formalizar nossa união, até pelas questões de direito. Sendo servidora pública, eu queria colocar a Paula como dependente, por questões previdenciárias. Vimos essa necessidade e queríamos usufruir de um direito que temos, depois de anos esperando, antes que acabe”, afirma Stephani e atenta pela possibilidade de que o direito conquistado deixe de existir.
O momento foi especial por diversos motivos. A começar pelo local escolhido, à beira da praia, num estilo despojado de regras e etiquetas, mas carregado de sentimentos e significados. Um dos detalhes do altar preparado foi uma surpresa de Stephani para Paula: kokeshis (bonecas em madeira) fofas e personalizados, feitas por uma amiga, representando as duas.
“Fiquei surpresa! Quando entramos as bonequinhas estavam no altar. Eu não sabia que ela tinha pedido pra fazer. Coisa mais fofa!”, descreve Paula.
A cerimônia foi realizada por outra amiga do casal, o que impregnou o ambiente de aconchego. A assessoria “Todo Amor é Sagrado”, formada por um casal de mulheres realizou todos os preparativos. “Foi tão legal! Tivemos a sorte de ter duas assessoras cerimonialistas que também são um casal. Elas pensaram em tudo, organizaram tudo. Foi tudo muito tranquilo”, descreve Stephani.
O que muda?
O que fica diferente agora que são oficialmente casadas? De poucas palavras, Paula diz: “é a resposta, que a gente é casada”, brinca. “A gente já mora junto há 5 anos, sempre partilhou tudo, nunca teve divisão”, argumenta. “Mas agora temos fotos”, completa Stephani.
“Mas eu acho que algo mudou”, ensaia Stephani mesmo depois de poucos dias de união. “Tenho a impressão de que as famílias veem a gente com mais seriedade”, avalia. É um grande passo para elas, que se conheceram através de amigos em comum e “se acharam no mundo”, como define Paula.
Apesar de algumas dificuldades que todo casal homoafetivo enfrenta, Stephani diz que elas são privilegiadas por nunca terem passado por grandes problemas como alguns casais passam.
“Tem as questões de aceitação da família, a questão social, de chegar nos espaços e as pessoas perguntarem, as pessoas se assustarem. Mas a gente tem muito privilégio, perto do que muitos casais passam coisas horríveis. Com a gente nunca foi tão pesado”.
De agora em diante a vida continua, com os planos de “viajar, crescer profissionalmente, cuidar dos gatos … continuar o que a gente já tenta fazer. Mas a sensação que tenho é de uma firmeza, estabilidade. Não emocional, mas jurídica. Coloquei a Paula como dependente minha. É algo que eu vivi anos achando que não ia acontecer”, finaliza.
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