No ar há pouco mais de uma semana, a segunda reprise da novela “Cheias de Charme”, na Globo, tem desapontado a audiência por uma série de fatores. Fãs mais ligados à obra exibida originalmente em 2012 expõem o que chamam de “relaxismo, porquice e desrespeito” por parte da emissora para com o folhetim, sucesso entre gerações.

Aclamada e lembrada até hoje como um ícone das 19 horas, a trama estreou na faixa “edição especial” em 11 de março. Só que, como muitos sabem, de especial esse horário não tem nada.

Exibida logo após o Jornal Hoje, “Cheias de Charme” tem sido um dos folhetins mais prejudicados na grade vespertina espremida e considerada sucateada nas tardes da Globo. É por isso que, para alguns, há mais motivos para não revê-la do que para acompanhá-la diariamente.

Confira abaixo 5 motivos para não assistir à reprise de “Cheias de Charme” na Globo:

1) Alterações desnecessárias e sem noção fazem novela parecer “lixo” no ar

Desde o início da pandemia do coronavírus, em 2020, as tardes da Globo nunca mais foram as mesmas. Nenhuma reprise, aliás. O “Padrão Globo de Qualidade” parece ser o de “não ter qualidade alguma”. Nas redes sociais, internautas pedem informações sobre as motivações de edições tão relaxadas para reapresentações de novelas.

A cultura que instaurou-se no período da crise sanitária nunca mais foi embora e agora faz de “Cheias de Charme” sua nova vítima.

Para resumir, assim como as demais novelas reprisadas, “Cheias de Charme” tem sua plástica “repaginada. Há blocos de capítulos emendados, cortes mal feitos, vinhetas de intervalo e de abertura refeitas e muito mais.

Para se ter noção, na “edição especial”, a clássica abertura, por exemplo, teve um trecho da trilha cortado e entra de maneira jogada no meio de qualquer cena. Além disso, os créditos originais foram retirados e inseridos novos com outra fonte. “Minha novela está sendo exibida igual lixo. Globo, eu nunca vou te perdoar”, é um dos comentários.

Veja:

Esta prática de trocar as fontes ou realocá-las na tela começou na emissora em 2020 sob o pretexto da expansão do HDTV. Até 2016, as aberturas adotavam um padrão de distribuir os créditos na proporção 4:3 (SD) da tela. Mas, com o fim da transmissão dessa definição, a tela pôde ser aproveitada por completo, tirando a necessidade das letras ficarem no meio do vídeo.

Entretanto, ao refazer os créditos de “Cheias de Charme”, a equipe da TV Globo simplesmente colocou os nomes de atores e direção na mesma proporção do SD. Portanto, não há nenhum motivo justificado para a troca da fonte.

O detalhe até parece bobo, mas quando acumulado com vários outros, torna-se relevante. Isso também ocorre quando há comparação da exibição original com a atual. Até porque, “Cheias de Charme” foi reprisada pelo Vale a Pena Ver de Novo em 2016, sem edições e praticamente na íntegra. A plástica original das vinhetas foi mantida sem edições e não havia cortes inexplicáveis como ocorre na faixa “edição especial”.

2) Edição “porca” e inexplicável

Como já dito, ninguém entende as motivações por trás da edição. Refazer detalhes que marcaram e contemplam parte da totalidade da obra, de maneira mal editada e mal refeita, decepciona quem tem a trama viva na memória.

Em “Cheias de Charme”, mais uma das incompreensíveis decisões dos editores tem causado frisson nas redes sociais. É que, mesmo encerrando a novela no mesmo gancho dos capítulos originais, a TV Globo está refazendo os congelamentos.

Congelamentos, para quem não sabe, são aqueles efeitos de fim de capítulo que algumas novelas têm. No caso de “Cheias”, ao invés de exibir o congelamento original, a edição simplesmente pausa o vídeo um segundo antes e aplica sobre a tela um congelamento novo, com efeito grotesco. “Sem a menor necessidade, inexplicável fazerem isso”, apontam internautas.

Há ainda o fato dos capítulos na faixa “edição especial” serem descaracterizados, com blocos originais emendados, vinhetas jogadas sem critério e trilhas cortadas. Quando exibida no Vale a Pena Ver de Novo em 2016, “Cheias de Charme” não passou por nada disso.

3) Horário apertado em programação sucateada

A faixa “edição especial” tem um já conhecido horário apertado, de cerca de 40 minutos no ar. Dentro desse tempo, há ainda dois intervalos. Ou seja, sobram aproximadamente 30 minutos de arte por dia, bem menos que os capítulos originais da novela têm.

O fato de ter dividido o horário com o final da reprise de “Mulheres de Areia”, sua antecessora, prejudicou ainda mais a volta de “Cheias de Charme” à programação. Nos 40 minutos da faixa, a Globo exibiu “Cheias” e “Mulheres”, e foi assim que o primeiro capítulo da novela das empreguetes teve apenas 10 minutos.

Como as duas tramas dividiram a faixa por uma semana, o primeiro capítulo original de “Cheias de Charme”, que conta com 50 minutos de arte, foi exibido em 4 dias. Desse modo, a novela se encontra muito atrasada em relação à sua exibição original: nesta quarta (20) vai ao ar o capítulo 9 da reprise, que estará exibindo o capítulo 5 do material original.

São quatro capítulos de atraso, o que faz a trama parecer arrastada.

4) 10 minutos de corte por dia

Optando por levar ao ar um capítulo original por dia, a TV Globo tem cortado sem folga mais de 10 minutos de todos os capítulos de “Cheias de Charme”.

É que os episódios de 2012 contam com mais de 40 minutos de arte, sem intervalos. Para conseguir exibir esses capítulos nos 30 minutos de arte estipulados para a faixa “edição especial”, cerca de 10 minutos da trama vão para o lixo todos os dias.

Sendo assim, várias cenas importantes ficam de fora e algumas até são exibidas pela metade.

Para reduzir os cortes, a emissora deveria exibir não um capítulo “inteiro”, mas apenas o tempo de arte de um episódio que cabe dentro do horário. Isso, no entanto, faria a reprise ter muito mais capítulos que sua transmissão original.

5) Faixa mutila novelas

Ao invés de estender o horário da “edição especial” e diminuir o tempo da “Sessão da Tarde”, que vem logo em seguida, a Globo opta por mutilar as novelas dessa faixa, a fim de comprimi-las para caberem na grade de programação.

O primeiro capítulo de 10 minutos de “Cheias de Charme” foi uma prévia do que viria pela frente. Na data, telespectadores ficaram revoltados, mas a novela, que tinha um bom tempo de arte em 2012 e 2016, segue sendo “rapidinha” no início das tardes.

O mesmo ocorreu com suas antecessoras da faixa inaugurada no final de 2021: “O Cravo e a Rosa”, “Chocolate com Pimenta” e “Mulheres de Areia” passaram pela mesma situação. Estas, no entanto, tinham episódios originais com menos tempo e, portanto, eram menos cortadas.

Contudo, em alguns pontos, as antecessoras “sofreram” bem mais do que “Cheias de Charme”. Veja um exemplo:

É o caminho

Enquanto a TV Globo não apresenta uma explicação formal para as edições inexplicáveis e mal feitas, o público segue sem entender tanta descaracterização com as novelas em suas reprises, especialmente quando um clássico volta à programação.

Ainda assim, para quem não se importa em acompanhar um folhetim cheio de cortes diários, com a plástica estragada e capítulos editados “de maneira porca” sem qualquer explicação plausível, em uma faixa já conhecida pelas más edições, “Cheias de Charme” continua um prato cheio de entretenimento da melhor qualidade.

Porém, o público já tem corrido para o Globoplay para assistir à novela na íntegra, já que a versão original de 2012 está disponível na plataforma de streaming. Outros ainda aguardam uma reprise decente no Canal VIVA, emissora de acervo da Globo na TV paga que reexibe obras antigas e recentes sem qualquer edição, exatamente como elas foram ao ar em suas transmissões originais.

Entretanto, aqueles que não têm acesso ao aplicativo e nem à TV por assinatura seguem assistindo a “edição especial” descontentes com o tratamento dado a uma novela que é um marco das 19 horas.

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