Já dizia Ton Barbosa: “Se pintamos nossa casa, o vizinho também quer pintar a dele. Assim, toda a rua fica melhor”. A afirmação foi feita pelo artista que pintou o viaduto entre as Avenidas Afonso Pena e Ceará em Campo Grande, em entrevista ao Jornal Midiamax. Colorir, avivar, realçar a beleza de espaços privados ou públicos, na busca do conforto, do bem-estar e da alegria dos locais, inspira aos demais e também embeleza as ruas.

Essa ação de “deixar mais bonito” ou preencher um branco com arte é contagiante. Um motiva o outro e as cores se espalham pela cidade, interna ou externamente nos ambientes. Muralismo ou pintura mural é a pintura executada sobre uma parede, diretamente na sua superfície, como num afresco, num painel montado para uma exposição permanente.

Tendência em Campo Grande, a arte muralista tem dado mais vida às casas, comércios e locais públicos. Entre os entusiastas e contratantes desse trabalho, os objetivos são os mesmos: alastrar painéis que saltem aos olhos, despertem interesse, curiosidade e, por vezes, até repassem alguma mensagem ou conceito importante a quem olhar.

Dona embeleza muro e espaço de confraternização em Vila de Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)

Em uma Vila no bairro São Francisco, em Campo Grande, moradores financiaram o mural acima. A iniciativa coletiva partiu de Tamyres, uma das vizinhas, e os demais compraram a ideia de preencher um muro do local com a arte de Rafael Mareco.

Logo quando se mudou para a Vila, há exatamente um ano, Maisse viu aquela parte do território desocupada, suja, cheia de cocô de rato e folhas: uma imundice. “Aí a gente teve a ideia de ocupar esse espaço, pintar ali. A Tamyres indicou o Mareco e ele se dispôs a fazer aquilo pra gente. Não tínhamos ideia do que ele ia fazer, ele só chegou e falou ‘vou lançar', e ficamos observando”, conta a moradora ao MidiaMAIS.

“Do começo ao fim foi uma surpresa, a cada traço que ele fazia a gente ficava maravilhada. E aí nasceu a Dona [imagem feminina no muro]. A partir daí, começamos a usar bastante esse espaço, sempre que possível a gente se reúne ali para confraternizar entre as meninas, e o Mareco deu outra cara para aquele local”, diz Maisse à reportagem.

Rafael, o artista, inclusive, não se restringe aos locais privados e é dono de muitas obras pelas ruas da Capital sul-mato-grossense.

 
 
 
 
 
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Mas a obra dele também não se limita à Campo Grande. Recentemente, Mareco realizou o mural abaixo dentro da casa de amigos em Ponta Porã, no interior do Estado, fronteira com o Paraguai.

 
 
 
 
 
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Voltando à Capital, a tendência já se perpetua há algum tempo. Na Casa Nuvem, por exemplo, o que não falta são murais para decorarem o ambiente. O espaço com várias empreendedoras em busca de um conceito acolhedor de moda e beleza conta com quatro obras espalhadas pelas áreas internas e externas.

Ao MidiaMAIS, a cabeleireira Paula Garde, uma das entusiastas do movimento, reafirmou a proposta dizendo que a intenção de todos os murais é decorativa. No espaço interno, desenhos simples com traços e formas bem definidos preenchem as paredes. Veja:

Arte realizada pela arquiteta e muralista Thiemmy Shinzato (Foto: Arquivo Pessoal)
Raminhos de plantas foram pintados pela esposa de Paula (Foto: Arquivo Pessoal)

Os murais externos da Casa Nuvem também fazem a diferença para quem frequenta o local. Ter as obras cercando o ambiente transforma toda a atmosfera. Nenhum deles foi feito no estilo , mas reforçam a presença da ideia da arte sendo espalhada pelos espaços da Capital sul-mato-grossense.

Do lado de fora, arte embeleza o ambiente (Foto: Arquivo Pessoal)
Desenhos colorem parede branca no quintal da Casa Nuvem (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Vieram para ficar

Os murais estão sendo cada vez mais vistos na cidade independente do material com que são gravados, mas há um destaque pelas ruas, residências e estabelecimentos, para o grafite como escolha do estilo a ser registrado nas paredes. Marilena Groli, artista grafiteira há quase 30 anos, avalia, especificamente, a expansão do movimento como mural em Campo Grande.

“Normalmente, os murais entram como uma função estética, puramente decorativa, mas só o fato de estarem contratando mais grafiteiros e possibilitarem a essas pessoas uma fonte de renda, valorizando o seu talento enquanto artista, é muito positivo. E com certeza é algo que já vem acontecendo, porém, nesse momento, com muito mais força”, diz ela ao Jornal Midiamax.

Ela, que é presidente da Associação Nação Hip Hop Brasil MS, explica o porquê da opção pelo grafite estar predominando. “Acabam optando pelo grafite pela qualidade visual, que é a beleza, as cores vivas, o preço… e é algo que com certeza vai crescer muito mais. Nesse momento de pandemia, mesmo as pessoas tendo que segurar um pouco, ainda se tem contratações de grafiteiros. Eu acredito que agora, assim que começarmos a voltar ao normal, essa arte vai estar mais em foco do que nunca”, reflete.

“E é muito interessante porque é uma arte que abraça muitas comunidades periféricas, ela é um dos elementos do movimento Hip Hop, então é uma arte que muitas pessoas ligadas às comunidades, sem grandes possibilidades de geração de renda, conseguem se profissionalizar na área e futuramente estar fazendo uma renda com ela”, finaliza.

Confira um pouco do trabalho impecável de Marilena Groli:

 
 
 
 
 
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