Shoppings ‘ignoram potencial de consumo da classe C’ ao coibir rolezinhos
Os jovens de classe C, seguimento social identificado com o movimento dos rolezinhos, tem um poder de consumo de R$ 129,2 bilhões. O montante é superior ao do que consomem os jovens das classes A, B e D somadas, segundo o instituto de pesquisa Data Popular. Para o presidente do instituto, Renato Meirelles, coibir os […]
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Os jovens de classe C, seguimento social identificado com o movimento dos rolezinhos, tem um poder de consumo de R$ 129,2 bilhões. O montante é superior ao do que consomem os jovens das classes A, B e D somadas, segundo o instituto de pesquisa Data Popular.
Para o presidente do instituto, Renato Meirelles, coibir os rolezinhos como alguns shoppings vem tentado fazer, é “uma miopia das oportunidades de negócio”.
A reunião de jovens da periferia convocados pelas redes sociais para dar um “rolé” em alguns shoppings da região metropolitana de São Paulo assustou lojistas e alguns consumidores. O movimento ganhou força depois que dois centros comerciais da capital de São Paulo conseguiram uma liminar que os autorizava a impedir a entrada de garotos suspeitos de participarem dos eventos convocados pelas redes sociais.
Movimentos sociais deram apoio aos “rolezinhos” e acusaram os shoppings de praticar “apartheid”. O movimento se espalhou por outras cidades e o tema chegou ao Palácio do Planalto, onde a presidente Dilma Rousseff se disse “preocupada” com a eventual politização dos “rolés” em vista dos protestos de rua iniciados em junho de 2013.
Shopping
Segundo a pesquisa, 54% dos jovens, em geral, vão ao shopping uma vez por mês – a média geral é de 3,3 visitas ao mês. Os jovens de classe C tem um poder de consumo de R$ 129 bilhões nos caixas das lojas. Já os jovens das tradicionais classes A e B somam R$ 80 bilhões, e os da classe D, R$ 19,9 bilhões.
“Não existe espaço disponível de lazer nas periferias. E os shoppings se tornaram esse espaço. Os garotos que fazem rolezinho são filhos da nova classe média (classe C) que não tiveram um passado de restrição como os pais”, diz.
Segundo Meirelles, esses jovens “cresceram na última década, uma década de consumo. E o shopping oferece consumo e segurança. E eles também gostam de segurança. Além disso, é um lugar para desfilar”, diz.
“Os rolezinhos não devem fazer esses jovens desistirem dos shoppings. Mas certamente, quem levou spray de pimenta vai pensar duas vezes para voltar a consumir onde foi reprimido pela segurança”, diz.
Preconceito
Meirelles, que há vários anos pesquisa as tendências de consumo entre jovens e a classe C, diz que na última década “de todos os tipos de varejo, os shoppings foram os que mais demoraram para se adaptar à realidade da classe C”.
A pesquisa, que ouviu 1.500 jovens de entre 16 e 24 anos em 53 cidades do país, mostrou ainda que 50% das tradicionais classes A e B prefere frequentar locais com pessoas do mesmo nível social.
“Ironicamente, os jovens do rolezinho vão para o shopping com roupas de marca que compraram lá. E eles fazem questão de vestir esse tipo de roupa porque as roupas dão a sensação de que ele galgou um degrau social. É uma forma de diminuir o preconceito que jovens da periferia são alvo há muito tempo e em muitos lugares”, diz.
Meirelles também discorda da tese de que a nova classe média tem no compra de bens supérfluos o seu principal objetivo de consumo.
“As pesquisas mostram que esses jovens também investem em educação, em produtos de tecnologia, coisas que seus pais não tiveram acesso. E isso vai trazer impactos na renda desses jovens no futuro”, diz.
Segundo a pesquisa, 15% dos jovens da classe C querem comprar um notebook nos próximos 12 meses. Já 11% querem um smartphone e 11% pretendem ter um tablet.
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