Saga na Antártida continua com segundo navio bloqueado no gelo
O gelo na Antártida bloqueou neste sábado uma segunda embarcação, um navio quebra-gelo chinês, que tinha vindo para ajudar a resgatar os passageiros de um navio russo, em um novo episódio desta saga, que tem irritado os cientistas. O Xue Long (Dragão das Neves), equipado para abrir passagem entre as mais espessas camadas de gelo, […]
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O gelo na Antártida bloqueou neste sábado uma segunda embarcação, um navio quebra-gelo chinês, que tinha vindo para ajudar a resgatar os passageiros de um navio russo, em um novo episódio desta saga, que tem irritado os cientistas.
O Xue Long (Dragão das Neves), equipado para abrir passagem entre as mais espessas camadas de gelo, caiu na armadilha, vítima do ambiente extremo do continente branco.
“O Xue Long confirmou que está bloqueado pelo gelo”, indicou neste sábado as autoridades australianas para o resgate marítimo (Amsa) em um comunicado.
O quebra-gelo chinês forneceu seu helicóptero para participar do resgate dos passageiros do MV Akademik Chokalski¯, um navio russo que ficou preso no gelo em 24. Mas neste sábado, todas as suas tentativas de manobrar e escapar da armadilha de gelo falharam. No entanto, o navio chinês, que não sofreu nenhum dano, está seguro e não pediu ajuda.
“Não há nenhum perigo imediato para a tripulação a bordo do Xue Long” , assegurou o Amsa, segundo a qual há comida no navio para várias semanas.
Jornalistas da agência de notícias oficial chinesa Nova China, a bordo do Xue Long, informaram que o navio estava bloqueado desde sexta-feira por um iceberg à deriva ao longo de um quilômetro.
O capitão Wang Jianzhong disse que os blocos de gelo e a posição em constante mudança do iceberg, que está a cerda de 1,2 milhas náuticas ( 2,2 quilômetros ) do navio, impede qualquer operação de libertação mais complexa, de acordo com a agência. O Xue Long tentará liberar o caminho assim que o iceberg se afastar.
Enquanto isso, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang pediu cautela à tripulação. O helicóptero do navio chinÊs resgatou na quinta-feira 52 cientistas, turistas e jornalistas australianos, britânicos e neozelandeses presos a bordo do Akademik Chokalski¯ a cerca de 100 milhas náuticas (180 quilômetros) a leste da base francesa de Dumont d’Urville.
Eles foram transportados a bordo de um navio australiano, o Aurora Australis, em condições perigosas, com o gelo se movendo rapidamente e fortes ventos correntes marítimas.
O Aurora Australis irá agora para a base de Casey para reabastecer antes de embarcar para a Austrália, indicou neste a Amsa. A desventura de Xue Long ilustra os perigos da navegação na Antártida e a complexidade das intervenções de emergência.
A operação realizada entorno do navio russo “foi bastante difícil”, admitiu na sexta-feira John Young, diretor da Amsa. “Isto deve ser muito frequentemente. Todas as operações (de resgate) na Antártida são difíceis por causa da natureza do meio e, neste caso, devido ao movimento do gelo e das condições meteorológicas”, acrescentou.
Cientistas frustrados
A questão que surge agora é sobre quem vai arcar com o custo das operações de socorro. “As lições aprendidas com essas experiências podem ser transmitidas à Organização Marítima Internacional para estabelecer normas que regem as operações polares”, disse John Young.
Antes de ser pega no gelo, a embarcação estava em uma área onde os barcos podem viajar normalmente nesta época do ano, mas uma mudança repentina no tempo provocou o contratempo. A operação de resgate teve implicações para os programas de pesquisa na Antártida, segundo Yves Frenot, diretor do Instituto Polar Francês (Ipev).
O navio francês Astrolábio descartou por causa do acontecimento uma campanha oceanográfica de duas semanas. “Mas nós fomos relativamente sortudos. Os chineses foram forçados a cancelar todas as suas experiências, e meu colega australiano está irritado porque toda a estação de pesquisa foi para o ralo”, declarou.
O Aurora foi obrigado a suspender a sua missão de abastecimento da base australiana para ajudar o navio russo, mas as autoridades disseram que ainda não sabem quais serão os impactos sobre os programas científicos.
“Essas operações vão inevitavelmente reduzir uma temporada de pesquisa que já era curta”, disse na sexta-feira Jason Mundy, diretor do Departamento australiano sobre a Antártica.
Os passageiros do navio russo reproduziam a expedição na Antártida há um século (1911-1914) pelo explorador australiano Douglas Mawson.
“Esse tipo de expedição comemorativa não tem interesse em um ponto de vista científico”, disse Yves Frenot.
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