Famílias invadem terreno no Tiradentes e ocupação divide opinião de moradores

Desempregado, sem dinheiro para pagar o aluguel e há mais de 10 anos, na fila para o sorteio da casa própria, Arnóbio Bispo da Silva, de 25 anos, percebeu em um terreno localizado na Avenida Marquês de Pombal, no Bairro Tiradentes em Campo Grande, uma alternativa de moradia para ele e outras 33 famílias que […]

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Desempregado, sem dinheiro para pagar o aluguel e há mais de 10 anos, na fila para o sorteio da casa própria, Arnóbio Bispo da Silva, de 25 anos, percebeu em um terreno localizado na Avenida Marquês de Pombal, no Bairro Tiradentes em Campo Grande, uma alternativa de moradia para ele e outras 33 famílias que se encontram na mesma situação. A ocupação, que começou na última terça-feira (21), dividiu a opinião de moradores da região.

A enfermeira Dalva Teodoro de Souza, de 59 anos, disse que o terreno estava abandonado há 20 anos e servia como ponto de encontro de usuários de drogas. Com a ocupação das famílias, ela diz acreditar que o local ficará mais seguro para os moradores. “Dou o maior apoio para essas famílias. Prefiro que seja ocupado por pessoas de bem e não por usuários de drogas. A área estava abandonada e o matagal tomava conta”, relatou.

O farmacêutico de 28 anos, que preferiu não se identificar, não concorda com a ocupação, que aumenta a cada dia. Atualmente são cinco famílias, mas outras 28 devem se mudar para o local em poucos dias. “Me preocupo com um possível aumento de violência, em transformarem o lugar em uma favela e isso provocar a desvalorização dos imóveis”, explicou o morador.

Arnóbio, que se apresenta como líder das famílias envolvidas na ocupação, garantiu que os moradores não precisam se preocupar com a segurança da região. “Minha mãe e meus três sobrinhos vão morar aqui comigo e não vou permitir a entrada de nenhum vagabundo. Só virá gente de bem e que quer apenas um lugar para morar”, assegurou.

Segundo Arnóbio, no último sábado (25), a Polícia Militar esteve no local e pediu que a área fosse desocupada, no entanto, ele afirmou que não foi “possível” atender ao pedido. “Não quero desobedecer nenhuma autoridade, mas minha situação não permite escolha. Vamos ficar aqui e construir aos poucos um lugar digno para morarmos”, enfatizou.

Decidido a ficar no terreno, Arnóbio disse que a ideia da ocupação surgiu há 4 meses, quando um amigo, comentou sobre a situação do terreno. Depois de ser despejado da casa onde morava, ele decidiu aceitar a sugestão e repassar a possibilidade para outras famílias que vivem na mesma situação.

“Meu amigo falou que a área estava abandonada. Estou desempregado há um ano, vivendo apenas de serviços que não são suficientes para pagar um aluguel e sustentar minha família. Não tive alternativa e como conheço outras pessoas na mesma situação, repassei a ideia. Se isso der certo para mim, quero que dê para outros também”, declarou.

Ciente de que eles podem ser retirados do local, Arnóbio disse que as famílias não vão desistir. “só queremos um lugar para morarmos, mas se nos tirarem daqui, vamos encher a Afonso Pena de barracos. Alguma coisa o poder público vai ter que fazer”, ressaltou.

Até o momento, não é possível afirmar se a área ocupada pertence a alguma empresa. A equipe de reportagem tentou falar com a assessoria de comunicação da Prefeitura para saber quais providências serão tomadas a respeito da ocupação, no entanto, o contato não foi possível por causa do feriado em comemoração do dia do servidor público, celebrado nesta terça-feira (27) .

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