Chega de fiu fiu: site colaborativo relata assédios sexuais

Um site colaborativo tenta mapear locais onde são registradas ocorrências de assédio sexual em várias cidades do Brasil. O Chega de fiu fiu reúne testemunhos de mulheres que sofreram algum tipo de violência ou tentativa de intimidação. Segundo o descritivo do projeto, a ferramenta é “uma tentativa de mapear os lugares mais incômodos e até […]

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Um site colaborativo tenta mapear locais onde são registradas ocorrências de assédio sexual em várias cidades do Brasil. O Chega de fiu fiu reúne testemunhos de mulheres que sofreram algum tipo de violência ou tentativa de intimidação. Segundo o descritivo do projeto, a ferramenta é “uma tentativa de mapear os lugares mais incômodos e até perigosos para mulheres no Brasil”.

“Ninguém deveria ter medo de caminhar pelas ruas simplesmente por ser mulher. Mas, infelizmente, isso é algo que acontece todos os dias. Pouco se discute e quase nada se sabe sobre o tamanho e a natureza do problema. A Chega de fiu fiu foi criada para lutar contra o assédio sexual em locais públicos. Mas queremos aqui também lutar contra outros tipos de violência contra a mulher”, informou o site.

Aos poucos, testemunhos que vão desde assédio verbal até tentativas de estupro vão sendo compartilhados e sinalizados no mapa. “Tentativa de estupro no apartamento do indivíduo. Escapei usando a força e correndo”, disse uma das vítimas de São Paulo, relatando que o crime o ocorreu em 2011. Outra vítima, também na capital paulista, relatou que foi “encoxada” na estação Sé do Metrô, uma das mais movimentadas da capital.

Também no Metrô, uma vítima relata que foi abusada sexualmente no dia 5 de abril na Linha 3-Vermelha. “Dentro do trem lotado às sete da manhã, um homem ofegante abriu minha calça jeans. Distraída, senti cócegas na altura da virilha e pensei que fosse a corrente que usava pendurada na calça que estivesse me dando a sensação. Passei a mão e me assustei ao sentir que era a mão de outra pessoa. Afastei a mão dele, em choque. Ele tornou a colocá-la em mim, e eu tive que afastá-lo repetidamente até chegar na próxima estação, onde desci chorando. Entrei para as estatísticas do metrô, mas não conseguiram pegar o cara porque eu nem sequer consegui vê-lo direito”, contou.

Os idealizadores do mapa colaborativo incentivam às vítimas a denunciar os crimes para a polícia, para que os casos sejam investigados e os criminosos punidos. “O mapa não substitui denúncias oficiais contra a mulher. Pedimos que denunciem também nas Delegacias de Defesa da Mulher e na Central de Atendimento à Mulher pelo telefone 180”.

A cidade de São Paulo é a que possui mais denúncias, seguida por Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Na capital carioca, uma denúncia feita nesta terça-feira fala de funcionários de um restaurante em Botafogo que “passaram a tarde sentados na rua na frente do estabelecimento assediando mulheres”.

O site também registra casos de homofobia ou crimes de ódio, como o relatado por uma vítima na Avenida Mem de Sá, no centro do Rio: “estava caminhando ao lado de meu namorado e passou uma viatura da Polícia Civil, o policial gritou da janela palavra ofensivas para nós dois, por estarmos caminhando um ao lado do outro. Nos sentimos intimidados pelo tom de ameaça dos comentários”.

A iniciativa do site é semelhante a outra ferramenta que tenta registrar a ocorrência de roubos e furtos em todo o Brasil. O Onde Fui Roubado já registrou ocorrências em 206 cidades do Brasil e, segundo os relatos, 37% das vítimas são mulheres e 55% dos crimes ocorreram no período noturno.

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