Candidatos mostram modelos estrangeiros como se fossem eleitores
O pedreiro que declara voto na candidata ao governo do Paraná Gleisi Hoffmann (PT) faz propaganda de firmas dos EUA, Canadá e Nigéria. As crianças baianas vítimas da seca do programa de Geddel Vieira Lima (PMDB), que concorre ao Senado, vivem a mais de 5.000 km de Salvador, no sul da África. A moça que […]
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O pedreiro que declara voto na candidata ao governo do Paraná Gleisi Hoffmann (PT) faz propaganda de firmas dos EUA, Canadá e Nigéria.
As crianças baianas vítimas da seca do programa de Geddel Vieira Lima (PMDB), que concorre ao Senado, vivem a mais de 5.000 km de Salvador, no sul da África.
A moça que levanta cartaz com o “eu acredito” em Beto Richa (PSDB) –candidato à reeleição no Paraná– já segurou a mesma placa para defender direitos da mulher na República Dominicana.
Longe de retratarem eleitores cosmopolitas e viajados, as imagens têm a mesma origem: o arquivo Shutterstock – empresa dos EUA que possui um acervo de 40 milhões de fotos.
De lá vem a “eleitora” que diz que o candidato ao governo baiano Rui Costa (PT) “está na cabeça, na boca e no coração do povo”. A modelo também estrela comercial de agência publicitária da Índia.
A mesma origem tem a imagem de um casal durante exame de ultrassom em 4D que Paulo Souto (DEM) –rival de Rui– apresenta na TV ao falar de hospital feito em sua gestão na Bahia.
Considerado natural pelas equipes de campanha, o uso de fotos de bancos de dados é uma forma de cortar custos e tempo na produção de material publicitário na eleição.
A depender do plano contratado, uma foto do banco de imagens pode custar entre R$ 1 e R$ 24. Já a produção de uma imagem com “eleitores reais” não sairia por menos de R$ 1.000, considerando só a diária do fotógrafo.
Na Bahia e no Paraná, já houve troca de acusações entre campanhas pelo uso dos “apoiadores estrangeiros”. Candidatos acusam adversários de enganar o eleitor.
“O benefício é irrisório frente ao custo político de usar imagem falsa. Só consigo ver prejuízo para a campanha e o candidato, que perde credibilidade”, diz Afonso de Albuquerque, professor de comunicação na UFF (Universidade Federal Fluminense).
Questionadas sobre o uso de fotos, as campanhas de Geddel, Rui e Gleisi dizem se tratar de prática comum no mercado publicitário.
A equipe de Geddel informou que as fotos de bancos de imagens usadas na campanha são “meramente ilustrativas” e que depoimentos exibidos na TV são reais.
A campanha de Rui disse usar o recurso “em casos específicos”, com imagens de animais, objetos ou modelos fotográficos. A equipe de Gleisi disse que o expediente permite “reduzir custo” e dar “agilidade e dinâmica” à comunicação da campanha.
Paulo Souto disse, em nota, que “houve erro” da equipe ao veicular a foto em questão e que “corrigiu” a falha.
A campanha de Richa disse que a foto foi retirada do site e que as imagens não tinham o objetivo de representar eleitores paranaenses.
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