Moradores constroem em áreas públicas e fazem ‘jardim particular’ em rotatória

Além de invasão de áreas públicas, um morador se apropriou de uma rotatória do bairro. Lá, ele cercou o local, colocou portão e usa o espaço como estacionamento para o próprio veículo

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Além de invasão de áreas públicas, um morador se apropriou de uma rotatória do bairro. Lá, ele cercou o local, colocou portão e usa o espaço como estacionamento para o próprio veículo

Ninguém na Vila Dedé sabe precisar quando a ‘bagunça’ começou. Entregue há cerca de nove anos, os terrenos destinados para construção de praças públicas ou ao comércio começaram a ser invadidos com construções. A ponto de uma rotatória virar jardim particular, toda cercada e com portão.

Salgadeira, Gilza Medeiros mora na vila desde a inauguração das 177 casas. “A gente sabe que estão invadindo, mas não sabe quem é. Um vizinho comentou que um policial chegou aí construindo, dizendo que tinha direito porque um político doou o terreno”.

Ela se entristece ao ver o terreno público ocupado. “Aqui não tem uma praça, não poderiam fazer isso. Tem que respeitar né? E tem que denunciar mesmo, ver com a prefeitura que bagunça é essa aqui. A gente luta para pagar as prestações e as pessoas vem aqui e invadem”, ponderou.

Arnaldo Frederico, morador da vila, diz que uma das áreas foi invadida pelo próprio líder do bairro. “Ele falou que ia construir uma igreja aí e entrou colocando muro já. Tem que chamar a patrola para derrubar, é uma pouca vergonha”, revolta-se.

Em outro terreno, com uma casa em construção, o morador diz que a obra é de um policial. “No outro já falaram que é uma lanchonete. Nos outros dois, um é o da igreja e outro ninguém sabe quem veio aí e colocou muro”.

‘Para tirar, tem que dar outro’

O líder do bairro, Roberto Moura, negou que tenha invadido a área, mas mostrou um documento onde apenas solicita o local para a construção de uma igreja pentecostal, entre as ruas Santa Gertrudes e José Eduardo Rolim.

Apesar de não obter resposta da prefeitura sobre a liberação da área, ele já construiu um muro no terreno e garantiu: “Hoje em dia, para tirar pessoa da área tem que dar outra”, citando um político que desapropriou pessoas de uma área sem dar outras casas e que não foi eleito novamente, segundo ele, por ter feito isso.

Jardim particular

O abuso choca quem passa pela rotatória nas ruas Santo Agostinho e Santa Gertrudes. Um morador cercou a rotatória, plantou uma pequena árvore, flores e instalou um portão de madeira. Tudo isso para assegurar um pouco de sombra para a sua família, pois ele detém a chave do portão e os vizinhos garantem: não deixa ninguém entrar.

Sem se identificar, um vizinho acha que a atitude do homem é de afronta com a vizinhança. “Ele dá a entender que nós só não ocupamos o lugar antes porque somos bobos. Mas isso está errado, é uma área pública”.

Nos finais de semana, o homem coloca o carro na área ‘dele’. “Chegam parentes e ele deixa a vaga para guardar o carro dele na sombra da árvore”.

A mulher do vizinho que fez o ‘jardim particular’ diz que a intenção não era ocupar uma área pública, mas sim plantar e preservar o lugar. “Ele só cercou para que não ficassem pisando nas plantas, mas já vai tirar o portão”, tentou esclarecer.

Entretanto, ela não nega que a família use o espaço exclusivamente para sentar à sombra, conversar e usar como estacionamento.

EMHA

O diretor-presidente da EMHA (Agência Municipal de Habitação), Amilton Cândido de Oliveira, informou que os terrenos da  Vila Dedé ocupados são área pública e que a denúncia será verificada.
Ele esclareceu que reclamações sobre invasões devem ser feitas a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), que é quem fiscaliza as áreas da prefeitura, mas garantiu que tomará providências em relação a denúncia.

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