Especialistas europeus apostam em papa italiano ou latino-americano

Na Europa, as primeiras especulações em torno do possível sucessor do papa Bento XVI indicam que um cardeal da Itália ou das Américas são os mais prováveis para ocupar o cargo máximo da Igreja Católica. A possibilidade de um papa africano parece reduzida, conforme as primeiras análises na imprensa francesa. A saúde frágil de Joseph […]

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Na Europa, as primeiras especulações em torno do possível sucessor do papa Bento XVI indicam que um cardeal da Itália ou das Américas são os mais prováveis para ocupar o cargo máximo da Igreja Católica. A possibilidade de um papa africano parece reduzida, conforme as primeiras análises na imprensa francesa.

A saúde frágil de Joseph Ratzinger alimenta há anos os rumores sobre a sua sucessão, no Velho Continente. Há cerca de um ano, a promoção de 22 cardeais por Bento XVI para o Concílio do Vaticano – que, entre outras funções, elege o próximo papa – intensificou as aposta de que o pontífice preparava a própria sucessão: a maioria dos escolhidos era europeus e conservadores, como o próprio Ratzinger.

Nenhum vinha da América Latina ou da África e a metade eram cardeais da cúria, os ministros do papa. Dos 118 cardeais com direito a participar da escolha do próximo pontífice, 30 são italianos. Apenas 19 vêm da América Latina e 11, da África. O cardeal italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão e muito próximo a Bento XVI, já vem de longa data sendo citado como um provável sucessor.

“Ainda não há um favorito, mas acho que um italiano hoje tem mais chances do que nunca”, afirmou Philippe Levillain, professor de História Contemporânea da Universidade Paris X, autor de diversas obras sobre a igreja católica, entrevistado pelo canal de televisão francês France Info. “Seria uma grande surpresa se o escolhido fosse um africano. Não por racismo, mas porque a igreja católica na África ainda é vista com desconfiança pelo Vaticano”, comentou, explicando que os cardeais africanos são de uma tendência “heterodoxa” da doutrina da igreja, especialmente em relação à vida pessoal ou sexual.

Assim como Levillain, outro especialista nas religiões, Odon Vallet, considera que as chances de um latino-americano suceder Bento XVI também são fortes. “A escolha de um cardeal latino-americano seria um sinal importante de renovação. O problema é que eles não conseguem se entender entre eles”, destacou o professor da Sorbonne. “Entretanto, existem divisões em todos os continentes, e a nacionalidade é um fator menos importante do que o respeito à linha que os cardeais querem dar para a igreja.”

Os problemas de saúde e a própria renúncia de Ratzinger reforçam a hipótese de que a idade do futuro sucessor vai ser um ponto essencial ordem na escolha, apontam especialistas. O italiano Marco Politi, autor de obras sobre o Vaticano, lembrou ao jornal Le Monde que a igreja católica “precisa dar mais espaço aos jovens”, e que “boa parte dos cardeais mais jovens vêm de países do sul”.

Já nas bolsas de apostas britânicas, os nomes de um africano, um italiano e um canadense despontam como os favoritos. Na William Hill, na Coral, na Paddy Power e na The bookmaker, as quatro principais, o nigeriano Francis Arinze é o que recebe mais apostas, seguido pelo ganense Peter Turkson e o canadense Marc Ouellet. Arinze já era o favorito das bolsas britânicas quando da sucessão de João Paulo II, em 2005.

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