“Se estivessem em casa, pais de jovem também seriam mortos”, diz delegada
“Ele alegou friamente que também teria atirado nos pais ou até mesmo na vizinha, que escutou os disparos e tentou entrar na casa”, disse a delegada Maria de Lourdes, responsável pelas investigações.
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“Ele alegou friamente que também teria atirado nos pais ou até mesmo na vizinha, que escutou os disparos e tentou entrar na casa”, disse a delegada Maria de Lourdes, responsável pelas investigações.
Caso estivessem em casa no sábado (7), dia do assassinato dos irmãos no bairro Moreninha II, em Campo Grande, os pais do adolescente adotado também poderiam ser mortos. “Ele alegou friamente que também teria atirado nos pais ou até mesmo na vizinha, que escutou os disparos e tentou entrar na casa”, disse a delegada Maria de Lourdes, responsável pelas investigações.
O depoimento do adolescente G.V., 15 anos, conhecido como Chitão, durou cerca de quarenta minutos, na manhã desta terça-feira (10), na Deaij (Delegacia Especializada em Atendimento a Infância e Juventude). Escoltado por policiais, ele foi o último a conversar com a polícia, após os pais e mais três testemunhas.
“Ele demonstra ser violento, agressivo e realmente tinha a intenção de matar os irmãos por ciúmes, já que gostaria de estar no lugar deles. Ele disse que ‘já que tinha matado um e teria que acabar com o outro’ e não mostrou arrependimento em momento algum”, diz a delegada.
Ao ser questionado sobre o motivo do crime, a delegada afirma que o adolescente é categórico ao dizer que não existem motivos. “Ele conta que era muito bem tratado, que recebia carinho e que existiam momentos que até amava os irmãos, mas que o destino deles seria esse mesmo, era matar ou morrer”, conta a delegada.
Durante o depoimento, a delegada explica que o momento mais tenso foi quando o jovem relatou o duplo assassinato.
“Ele pegou a arma e foi em sentido ao quarto do irmão. O adolescente então se posicionou de lado, alvejou o coração e disparou. Após o tiro, a irmã chegou na porta e perguntou ao Rodrigo o que estaria acontecendo. Ela então levou um tiro, correu e bateu na porta do quarto dos pais, que não estavam. A irmã ainda foi arrastada até a cozinha, onde foi alvejada mais uma vez”, fala a delegada.
Ao ceifar a vida da irmã, o adolescente retornou ao quarto do irmão. “O irmão, já desfalecendo, chegou a pedir para o jovem não atirar novamente, dizendo que se o amasse não ia matá-lo. Ele então pegou a carteira do irmão, um óculos, roupas e até a mochila que ele queria e fugiu”, diz a delegada.
O garoto também contou que quebrou o cadeado do quarto dos pais e a tranca do guarda-roupa para pegar a arma. E alegou friamente, segundo a delegada, que, se os pais estivessem na casa ou até mesmo a vizinha que escutou os tiros, seriam também mortos se surgissem naquele momento.
“Pela celeridade do procedimento, acredito que os pais não queiram ficar com este menino. Agregado ao processo penal, vamos pedir o acompanhamento psicológico do jovem, que apresenta um comportamento diferenciado, violento e até mesmo contraditório”, avalia a delegada.
O adolescente será indiciado por duplo homicídio qualificado por motivo fútil, emboscada e traição. “Se for necessário poderemos fazer ainda uma reconstituição do caso, que será anexado ao processo”, fala a delegada
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