Mulheres moram em hospitais para acompanhar recuperação dos filhos

Débora e Eloá, Noelle e Ana Luísa, Rafaelle e Gabrielle. Três histórias de mães com filhas internadas por causa de cirurgias complicadas. Agora, por conta da recuperação, hospital se transformou em moradia.

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Débora e Eloá, Noelle e Ana Luísa, Rafaelle e Gabrielle. Três histórias de mães com filhas internadas por causa de cirurgias complicadas. Agora, por conta da recuperação, hospital se transformou em moradia.

O maior hospital de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande ‘esconde’ histórias de dor, sofrimento, alegrias de curas e partos e também de muita dedicação de mães que deixam por um tempo seus lares para cuidar dos filhos internados, principalmente crianças. A reportagem foi à unidade hospitalar para conhecer algumas dessas histórias que, aliás, são emocionantes pela garra dessas mulheres.

Eloá Vitória tem sete meses e nunca foi para casa, que fica no bairro Los Angeles, depois de seu nascimento, na Santa Casa de Campo Grande. A mãe Débora Godoy Botelho, de 15 anos, também não vai para casa há sete meses. Ela dedica seu tempo acompanhando a filha que permanece internada. Logo que a menina nasceu os médicos diagnosticaram que uma veia ligada ao coração estava fora do lugar. Foi preciso cirurgia para corrigir o problema.

Débora conta que a espera pela alta da filha para poder leva-la para casa é grande. Os avós tiveram que conhecer a neta no hospital e ainda não tiveram a chance de ficar com ela por mais de uma hora. “Ficar aqui não é fácil, mas todas as mães acabam fazendo amizade e superam juntas essas esperas”, diz.

Noelle Faria Dantas, 22 anos, está com a filha Ana Luísa, de seis meses, há dois meses morando na Santa Casa. A criança ainda não tinha um mês completo quando foi diagnosticado um tumor na válvula do coração. Ela foi internada às pressas em nove de setembro e no dia 11 do mesmo mês passou por uma cirurgia, depois mais outras duas. Foram 56 dias de internação no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). “Mandaram-me passar por entrevista com a psicóloga porque ela podia não sair viva do centro cirúrgico, mas hoje está aqui bem forte”, diz.

Enquanto Noelle Está morando na Santa Casa com a filha caçula, o pai cuida das outras duas crianças, uma de quatro e outra de cinco anos. Ana Luísa segue sem previsão de alta.

Outra história de mãe dedicada ao filho e que passou a residir em hospital acompanhando recuperação é de Rafaelle Pontes e a filha Gabrielle Pontes Tenório, de quatro anos. A menina nasceu com a válvula do coração aberta, mas na época o médico orientou esperar para ver se fechava com o tempo, mas isso não aconteceu.

“Ela está agoniada para voltar para casa. Sente saudade de todo mundo, do gato, do cachorro, mas ainda é preciso um eco cardiograma pra ver se está tudo”, diz Rafaelle. De acordo com a ela, a filha ainda não estuda e para isso acontecer só mediante autorização do médico. O tratamento segue ainda por pelo menos um ano.

Rafaelle é técnica de enfermagem e nesse período que está acompanhando a filha uma colega está cobrindo seu horário. Quando retornar vai ter que fazer jornada dobrada para pagar esses dias. “Dia 27 de novembro faço aniversário. Quero de presente minha filha em casa”, finaliza.

Desde 26 de outubro desse ano Sirlene Luzia Villalba está com o filho Kauã, de três anos e oito meses, internado na Santa Casa da Capital. O menino, que tem um irmão gêmeo, tem um problema no pulmão, denominado hipertensão pulmonar, que segundo os médicos não tem cura.

Sirlene tem ainda outros quatros filhos: 11 anos, seis, um ano e o gêmeo de Kauã. Dois a sogra cuida e os outros dois a mãe. “Faz mais 10 dias que não vejo meus filhos”, disse à reportagem com lágrima nos olhos. Ela conta que desde outubro só consegue vê-los quando alguém os leva ao hospital na hora da visita.

O setor de pediatria da Santa Casa tem, em média, 50 pacientes internados. A assistente social do hospital Zenira da Silva conta que o período de internação é muito difícil, tanto para o paciente quanto para as mães que acompanham. “A rede familiar, de amigos, escolar; tudo é cortado numa situação dessas de internação longa. A gente procura acolher, acompanhar e dar força, principalmente suporte emocional para se sentirem bem”, diz.

De acordo com Zenira, o hospital criou a visita ampliada para permitir que os pais também possam ir ao hospital, já que normalmente são eles que continuam trabalhando e cuidando dos outros filhos para as mães ficarem de acompanhante do paciente. Agora existe a possibilidade de uma primeira visita das 11h as 13h e das 18h as 20h.

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