Mulher que abandonou filho trancado e à base de manga estava em prostíbulo

Maria de Fátima disse à polícia que ficou por cinco dias em uma boate tentando pagar uma dívida. Agora, pretende lutar para não perder a guarda do menino que aguarda decisão da Justiça em um abrigo.

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Maria de Fátima disse à polícia que ficou por cinco dias em uma boate tentando pagar uma dívida. Agora, pretende lutar para não perder a guarda do menino que aguarda decisão da Justiça em um abrigo.

Maria de Fátima Ferreira, mãe do menino de quatro anos encontrado abandonado em uma casa no bairro Jardim das Perdizes, se apresentou espontaneamente e sem advogado na tarde dessa terça-feira, ao Conselho Tutelar sul. Lá foi orientada a procurar a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), onde prestou depoimento e foi liberada.

De acordo com a delegada Regina Márcia Rodrigues, Maria de Fátima disse que trabalhava em uma boate na região central de Campo Grande e que devia dinheiro para os donos. Era uma dívida quase que impagável, conforme a mulher. Foi então que ela decidiu ficar diuturnamente no local fazendo programas sexuais e trabalhando no caixa na intenção de saldar a dívida.

A mulher afirma que esta foi a primeira vez que deixou a criança sozinha em casa, mas o menino afirmou aos policiais militares e um conselheira tutelar que esta não era a primeira vez que ficava nessas condições, porém das outras vezes a mãe demorava menos dias pra voltar.

Sem querer mostrar o rosto, depois de prestar depoimento à delegada Regina Márcia, Maria de Fátima disse que ama o filho e vai lutar para te-lo de volta. Ela não quis falar sobre sua estadia no prostíbulo. Para as autoridades policiais confessou que ficou sabendo que o filho foi encontrado e que o caso tomou repercussão por meio de uma reportagem veiculada no SBT MS. Os donos da boate também ficaram sabendo do caso e disseram para ela não voltar mais ao local.

A irmã de Maria de Fátima, Roseli Pereira Correa disse que tinha ficado com o sobrinho várias vezes e não tinha conhecimento que ele estava abandonado e em meio a tanto lixo. “Todo mundo erra. Eu me senti muito mal e esta história vai ficar marcada pra sempre na vida dos dois (mãe e filho). Eu senti um vazio ao saber que ele estava longe da mãe e passando por tudo isso. Meus filhos também estão assustados”, disse.

Maria de Fátima contou em depoimento que saiu de casa por volta das 20h do dia 9 de outubro. Afirma que retornou por volta das 22h e já encontrou a criança dormindo. Resolveu então voltar para a boate. Até a manhã de domingo, 14, a criança se alimentou de mangas, inclusive num dos cômodos da casa, que mais parece desabitada, foi encontrado um monte de caroços misturados a uma grande quantidade de lixo no chão. A mãe da criança alega que deixou bolacha e comida.

Um vizinho percebeu a criança sozinha e então acionou a polícia militar. Foi preciso quebrar o cadeado do portão para entrar. Depois o Conselho Tutelar sul foi acionado e a criança recolhida. Depois um juíz de plantão o encaminhou para abrigamento, onde vai permanecer até a juíza da Vara da Infância, da Juventude e do idoso decidir se ele volta para a mãe, será entregue para um familiar ou será encaminhado para adoção.

Maria de Fátima foi indiciada por abandono de incapaz e ainda pode peder a guarda da criança, dependendo do entendimento da Justiça. Sobre esta possibilidade ela afirma que estava na delegacia justamente par tentar impedir que isso aconteça. Sobre o porquê dessa vez não ter deixado o filho com a tia, a mulher afirma que “a irmã já tem cinco filhos e seus compromissos. Não sou usuária de droga nem de álcool”, finalizou.

A casa

Dentro do imóvel os policiais militares e a conselheira tutelar encontraram muita sujeira misturada com roupas e restos de comida. Pouca mobília, inclusive algumas estragadas. O fornecimento de energia elétrica e água está funcionando. O banheiro estava com dejetos e com forte mal cheiro. O quintal está cheio de mato alto e pés de manga, onde provavelmente o menino pegou frutas para se alimentar durante cinco dias.

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