Incêndio destroi 8 mil pés de plantação de madeira nobre em assentamento de Terenos

Chamas acabaram com pomar, curral e ao menos 8 mil pés de planta nobre que seriam exportadas para a Áustria.

Uma história que poderia ter um final muito feliz, de superação e independência para 715 famílias de um assentamento rural, não fosse à força da natureza que destruiu ao menos oito mil pés de eucalipto e uma planta nobre, de nome acácia mageniu.

O que começou há quatro anos hoje foi devastado pelo fogo. Segundo um dos moradores, Cícero Leite da Silva, 57 anos, o incêndio teve início em uma serra ao lado da Fazenda Sucuri, localizada em Terenos, cidade distante a 25 quilômetros da Capital.

Por volta das 10h do dia 7/9, as chamas estavam se propagando e seu Cícero conta que ligou para o 193. A ligação, segundo ele, caiu na guarnição da cidade de Aquidauana, momento em que pediram a ele para entrar em contato na Capital. Ele conta que por diversas vezes pediu ajuda, entrando em contato até com uma conhecida em Campo Grande para ela acionar os bombeiros.

Planta nobre foi plantada há quatro anos e seria exportada para Áustria

Dois dias se passaram e as chamas estavam chegando próximo a chácara onde reside os assentados e a plantação de acácia mageniu. “Esta é uma planta nobre, em que tudo é aproveitado. A madeira possui um desenho diferenciado e que geralmente é exportado para a Áustria e também se faz móveis rústicos, sendo utilizado até para construir caso de navio”, diz triste o Sr. Cícero ao Midiamax.

Sobre as folhas da acácia ele conta que ela pode ser triturada para fazer ração animal, já que possui 37% de proteínas em sua composição. “A planta também é utilizada para curtir o couro em frigorífico, com a retirada de um líquido, que parece um mel. E quando está seca, ela serve de nitrogênio para o solo”, diz o assentado.

Por todos esses benefícios, o valor da planta é avaliado em centímetros e não em metros cúbicos como a maioria das plantas. “Eu comecei a ler uma reportagem sobre a planta e me interessei muito. Fui atrás e recebi a doação de 1.650 mudas do engenheiro Rubens, o qual sou muito grato. Com os “bicos” que fazia consegui comprar mais duas mil mudas, no preço de R$ 0,50 cada uma”, conta Cícero.

Muito contente pelos 15 metros de altura em que a plantação se encontrava, rodeada de mandiocas, abacaxis, bananas, mangas e laranjas, Cícero conta que as perspectivas pareciam infinitas e que eles já se preparavam para começar a comercializar as plantações.

Sem resposta alguma e a presença do Corpo de Bombeiros, Cícero conta que o pomar, o curral e também as madeiras que o Incra/MS (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foram ‘tomados pelas chamas’. “Era o material que o órgão tinha fornecido para a construção das casas e não restou mais nada”, avalia Cícero.

Por parte do Incra, após analisar todo o fato, a assessoria de comunicação disse que será feito um requerimento para a reposição do material perdido, por meio de depósito, logo após a comprovação do fato. Cícero registrou o boletim de ocorrência 595/2012.

Já os bombeiros alegam que o combate ao incêndio naquele local foi realizado de maneira exaustiva e que inclusive o Sr. Cícero era o contato das vezes em que a guarnição ia no local. “Não sei se a intenção dele é receber uma indenização ou algo do gênero, mas fomos lá combater as chamas nos dias 6, 7 e 8 de setembro. Após esse dia, ele combinou de fazer um obstáculo ao redor da plantação e acionar os bombeiros caso fosse necessário”, afirma o Coronel Joilson de Paula, chefe da comunicação do Corpo de Bombeiros.