Cachoeira queria heliporto em Goiânia, em parceria com Perillo

De acordo com grampos da Polícia Federal, o bicheiro Carlinhos Cachoeira mediava uma negociação entre dois empresários do ramo farmacêutico e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), para fazer uma parceria público-privada (PPP) para administrar um heliporto por 30 anos numa área pública ao lado do estádio Serra Dourada, uma das áreas mais valorizadas […]

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De acordo com grampos da Polícia Federal, o bicheiro Carlinhos Cachoeira mediava uma negociação entre dois empresários do ramo farmacêutico e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), para fazer uma parceria público-privada (PPP) para administrar um heliporto por 30 anos numa área pública ao lado do estádio Serra Dourada, uma das áreas mais valorizadas de Goiânia. O dono do laboratório Teuto, Walterci de Melo, disse que Perillo deu aval à negociação e ainda indicou um local para a construção. Nas gravações da Operação Monte Carlo, Cachoeira confirma o aval do governador. Os áudios foram obtidos pelo site Congresso em Foco.

O grupo do bicheiro teria proposto reforma nas instalações do governo, que funcionam no local. Um projeto social privado receberia quadras e um campo de futebol. No restante do espaço, sairia um terminal de embarque de passageiros, área de pouso e oficina para helicópteros. O Superior Tribunal de Justiça pediu explicações ao governo sobre o projeto, mas até o momento não se sabe se o negócio foi esclarecido. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que, desde o ano passado, houve sete pedidos de construção de helipontos em Goiânia, mas nenhum de heliporto. A Anac não quis revelar o nome dos empresários solicitantes, pois são “empreendimentos privados”. Já a assessoria de Perillo não prestou nenhum esclarecimento.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

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