“Andar até 6 km para conseguir água”, diz assentada de 67 anos que protesta em frente ao Incra
Aproximadamente 250 assentados e acampados ligados a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (FAF), fazem um manifesto pacífico na manhã desta quarta-feira (23), em frente ao prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), contra o corte de recursos que iniciou-se na Operação Tellus em agosto de 2010 em MS e congelamento de […]
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Aproximadamente 250 assentados e acampados ligados a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (FAF), fazem um manifesto pacífico na manhã desta quarta-feira (23), em frente ao prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), contra o corte de recursos que iniciou-se na Operação Tellus em agosto de 2010 em MS e congelamento de 70% de verbas da União ao Incra em pleno ‘abril vermelho’ neste ano.
Famílias que ainda estão acampados na beira de rodovias, reclamam da falta de cestas básicas. “Lá são 32 famílias, sendo que chegam somente cestas só para seis famílias e, ainda de três em três meses”, diz Juciara Souza dos Santos, 32, acampada às margens da rodovia MS-080, em Rochedo.
Quem já está assentado expõe as dificuldades de manter uma agricultura familiar sem subsídios. “Eu tenho que andar 6 km com um balde no carrinho para pegar água”, conta Tereza Neuza, 67, moradora do assentamento Ouro Branco em Terenos.
“Eu tive de tirar R$ 1.200 do bolso para fazer um poço”, conta Magno de Oliveira, líder de um assentamento em Amambai.
“O problema maior que nos trás aqui são essas faltas de estrutura básicas como água, luz e o corte nos investimentos”, diz José Lino, diretor da FAF.
Operação Tellus
O processo de reforma agrária em Mato Grosso do Sul está estagnada desde agosto de 2010, devido à operação Tellus da Polícia Federal.
Na época o Ministério Público Federal (MPF), ordenou a paralisação de todo o processo de assentamento. O então superintendente do Instituto, Waldir Cipriano Rabelo chegou a ser preso.
Doze funcionários foram apontados por envolvimento em venda irregular de lotes no Estado.
Corte de 70%
O Ministério do Planejamento congelou 70% dos repasses de recursos ao Incra em pleno ‘abril vermelho’. Na época Celso Lacerda, presidente do Incra confirmou que o corte iria prejudicar os programas de assistências técnicas.
Em Mato Grosso do Sul existem 178 assentamento com 29.800 famílias e aproximadamente 10 mil pessoas acampadas.
Segundo o Incra, mais de 900 pessoas já foram notificadas por conta de irregularidades, sendo a principal dela a não presença da família no assentamento, venda de lotes e uso irregular do terreno conquistado.
‘Abril Vermelho’, ficou marcado após a morte de 22 pessoas ligadas ao MST no dia 17 de abril de 1996 em um confronto com a polícia na cidade de Eldorado dos Carajás (PA).
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