Proibição de remédio para emagrecer pode fortalecer mercado ilegal, alerta médica de MS
Endocrinologista acha que proibição de medicamentos com sibutramina possa facilitar ainda mais o comércio de remédios comprados ilegalmente na fronteira com o Paraguai.
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Endocrinologista acha que proibição de medicamentos com sibutramina possa facilitar ainda mais o comércio de remédios comprados ilegalmente na fronteira com o Paraguai.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) propôs que sejam banidos alguns medicamentos usados como inibidores de apetite, por acreditar que podem acarretar várias riscos à saúde humana. Na quarta-feira (23), será realizada uma audiência pública para discutir o cancelamento do registro dos medicamentos que contém sibutramina e dos anorexígenos anfetamínicos.
A endocrinologista Sandra Gaban, 46 anos, há 20 na profissão, explica que defende o uso da sibutramina e é contra a proposta da Anvisa, porque o medicamento é seguro desde que seja respeitada as contra-indicações e as dosagens. Além disso, não há muitas opções desse tipo de medicamento no mercado, que sejam eficazes e de baixo custo.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) já se posicionaram contra o cancelamento sibutramina.
Os profissionais da área temem que com o cancelamento do medicamento no Brasil, os pacientes procurem o mercado negro para adquirir a droga. No Mato Grosso do Sul, devido a proximidade com o Paraguai e a Bolívia, as chances de compra desenfreada, sem recomendações médica e acompanhamento, agravam a situação.
Desde outubro de 2010, a Anvisa decretou que apenas o medicamento só poderia ser descrito em receituário controlado azul B2 e não mais em receituário carbonado branco, como era feito antigamente por qualquer profissional.
“A sibutramina é o nosso carro chefe no tratamento da obesidade, mas precisa ter acompanhamento e respeitar as restrições. Se for cancelada a auto-medicação e o mercado negro serão outros problemas, ainda mais graves”, destaca a endocrinologista.
Pacientes
A estudante de estética, Cibele Seno Martins Michellis, 38 anos, usou a sibutramina por duas vezes e conseguiu emagrecer. Na primeira vez, há dois anos, tomou após uma gravidez e perdeu 15 kg, e há um mês parou de tomar novamente a subitramina, após emagrecer 10 kg.
“Usei com indicação médica e me fez muito bem, cheguei ao meu peso ideal e parei, agora controlo com dieta”, destaca Cibele que é contra a proibição da substância.
Já a jornalista Márcia Dietrich, 52 anos, explica que sofre de peristaltismo intestinal, um tipo de prisão de ventre crônica, e para amenizar os sintomas, durante três anos fez uso contínuo de um medicamento manipulado que tinha Sibutramina na composição.
Mesmo em doses baixas, cerca de 1.5 mg, Márcia explica que nunca teve problemas porém há mais de um ano não encontra mais algum laboratório que produz o medicamento com a sibutramina. “Sinto falta de usar o medicamento, estou tendo que me privar de muita coisa por isso”, explica Márcia que mudou do Mato Grosso do Sul para o Rio de Janeiro há três anos.
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