Polietileno no rio: Município aguarda para hoje resposta da Receita

A Fundação de Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário, da Prefeitura de Corumbá, aguarda para esta quarta-feira, 16 de fevereiro, posicionamento da Receita Federal a respeito do derramamento de “grãos” de polietileno e polipropileno no rio Paraguai, identificado por vistoria de fiscais do órgão na manhã da segunda-feira, dia 14. A fiscalização identificou o pátio da […]

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A Fundação de Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário, da Prefeitura de Corumbá, aguarda para esta quarta-feira, 16 de fevereiro, posicionamento da Receita Federal a respeito do derramamento de “grãos” de polietileno e polipropileno no rio Paraguai, identificado por vistoria de fiscais do órgão na manhã da segunda-feira, dia 14. A fiscalização identificou o pátio da Receita, na fronteira do Brasil com a Bolívia, como marco zero do despejo dos resíduos. O órgão federal foi notificado pelo município.

O engenheiro químico da Fundação de Meio Ambiente, Luiz Henrique Manier, disse ao Diário que a vistoria constatou que os produtos foram esparramados no piso [do pátio da Receita] e foi detectada ainda a existência de “pelotas” dos produtos nas margens do córrego que fica na fronteira Brasil-Bolívia. “Detectamos na margem, a presença desses grãos, provavelmente arrastados do pátio pela chuva. É possível que tenha ido para o rio. Foi constatado que havia uma contaminação, digamos assim, das margens do córrego e constatada a origem”, afirmou o especialista, que não havia percorrido o rio Paraguai.

A maior concentração das “pelotas” de polietileno e polipropileno, despejada no rio Paraguai, é encontrada no Canal do Tamengo, aonde chegam através do córrego Arroyo Concépcion, que fica na faixa de fronteira da Bolívia com Corumbá. O empresário de turismo, Carlos Nader, constatou o problema na semana passada. Ele, inclusive, levou a reportagem deste Diário ao local.

De acordo com a notificação, a Receita tem que se manifestar dentro do prazo dado – 48 horas – sobre como vai resolver emergencialmente ou explicar o que vai ser feito. Se não responder à notificação do Município será lavrado auto de infração por crime ambiental, com multa mínima de R$ 5 mil.

O polietileno e polipropileno são dois produtos petroquímicos utilizados na produção de tonéis, vasos, embalagens para filmes, plásticos para embrulhar roupas e caixas para bebidas.

Responsável pela fiscalização, Manier informou que como o material é plástico, o risco que existe, inicialmente é pelo fato de demorar “muitos anos” para degradar. “Ele não expele substância tóxica, não vai envenenar o rio nada disso. Só vai ficar lá até desaparecer”, argumentou o engenheiro químico.

“À primeira vista não é motivo de preocupação, não é produto que contamina o rio. Se tivesse um produto químico não industrializado; produto químico bruto, aí sim poderia criar problemas, nesse caso, o problema ambiental talvez seja se um peixe que engolir uma bolinha daquela, um pássaro, aí pode causar dano à fauna. Ao homem de modo geral não”, complementou.

Poder de depuração

A bióloga Débora Calheiros explicou ao Diário que o polietileno e o polipropileno “são plásticos” e demoram muito tempo para se decompor, “talvez centenas de anos ou mais”. Ela não vê possíveis impactos ambientais em curto ou médio prazo, entretanto, há possibilidade que eles surjam no espaço de tempo maior. Tudo depende da quantidade despejada no rio Paraguai.

Na avaliação da bióloga, o impacto pode até surgir num prazo longo, contudo, a boa saúde ambiental do rio Paraguai pode fazer com que eles sejam minimizados ou praticamente não apareçam. “O rio é grande e ainda está saudável e tem todo um processo de depuração em funcionamento. O rio tem poder de depuração muito alto”, explicou.

Débora destacou que embora tenha capacidade depurativa, a alimentação dos peixes e pássaros pode ser um problema, mas, também depende da quantidade de “grãos” de polietileno e polipropileno despejada no rio Paraguai.

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