Moradores das Moreninhas se revoltam com a Águas Guariroba por multas e falta de diálogo

Clientes com irregularidades estão sendo notificados, mas líderes comunitários dizem que os fiscais da companhia não dão esclarecimentos sobre os problemas

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Clientes com irregularidades estão sendo notificados, mas líderes comunitários dizem que os fiscais da companhia não dão esclarecimentos sobre os problemas

Moradores do bairro Moreninhas III e proximidades estão em pé de guerra com a Águas Guariroba porque, segundo eles, a empresa montou uma força-tarefa para fiscalizar e multar clientes com irregularidades no fornecimento de água e esgoto.

Uma viatura do atendimento itinerante da companhia permanece há pelo menos uma semana em frente à sede da associação do bairro, e dezenas de fiscais circulam em motocicletas pela região para vistoriar as residências. Os casos mais comuns encontrados são cavaletes na parte interna do imóvel ou com lacre rompido; e ligações irregulares de água e esgoto. A cada flagrante é gerado um termo de ocorrência que implica em multa ao proprietário do imóvel.

As lideranças comunitárias se articularam para pressionar a concessionária, alegando que não houve diálogo com os moradores. O gerente comercial da Águas, Waldyr Vilanova Júnior, chegou a ser convocado para uma reunião com os representantes do bairro na manhã desta segunda-feira (7).

A reportagem presenciou o momento em que um acordo foi firmado para suspender a aplicação de novas multas até a tarde de sexta-feira (11). Até esse dia, os moradores terão de formalizar uma comissão para elaborar uma pauta de reivindicações a serem levadas ao conhecimento da empresa.

Em seguida ao compromisso feito entre a associação de moradores e a Águas, os fiscais em atividade foram comunicados da nova resolução e deixaram de gerar as multas.

O vice-presidente da associação da Moreninha III, Humberto Cantuário Vieira, um dos responsáveis pela reunião com a Águas, conta que muitos clientes no bairro estão com dificuldades de pagar as contas de água e esgoto. Ele reclamou que a companhia  gerava as multas sem dialogar antes com os moradores. Das 2,7 mil casas vistoriadas até agora, apenas 27 apresentaram algum tipo de irregularidade.

“A Águas coloca equipes nas ruas para aterrorizar as Moreninhas. Nessas horas, cadê os vereadores que só aparecem na comunidade para pedir votos?”, questionou Humberto.

A dona de casa Sandra de Oliveira Rodrigues Trindade esteve na central itinerante da Águas na manhã de hoje (7) para avaliar a situação de seu imóvel. Em 2010, foi multada em cerca de R$ 600 porque o cavalete não tinha mais lacre, e depois teve o fornecimento de água cortado.

Alegando não ter como pagar, ela e o esposo providenciaram a ligação clandestina. Nova irregularidade, nova multa: desta vez superando os R$ 1 mil. No último fim de semana, a taxação derradeira – R$ 699 por ligação irregular de esgoto. “Minha fossa estava cheia”, disse.

Sandra deixou a viatura com o compromisso da Águas em restabelecer o hidrômetro, mas não escapou da multa: pagará R$ 20 por 10 anos e 4 meses. Questionada se o orçamento doméstico dará conta das novas despesas, a dona de casa afirmou que ainda não sabe como será daqui para frente. “Tem o consumo de água e esgoto, mais a multa, vamos ver como vai ficar”.

A aposentada Saturnina da Silva teve o cavalete mudado de lugar pelos operários da Águas. Antes, o hidrômetro ficava no quintal, e hoje, está exposto na calçada. Ela conta que a situação já estava assim quando ela passou a morar na casa situada na rua Genciana. Só não fez as alterações obrigatórias porque não tinha como pagar.

“Acho ruim, qualquer um pode quebrar o cavalete e eu vou ter que pagar a multa. Já reclamei e tudo, mas dizem que é a lei”, explica.

A Águas Guariroba, por meio da assessoria de imprensa, informou que toda a região das Moreninhas recebe o atendimento itinerante para facilitar o acesso dos clientes aos serviços básicos da companhia, como pagamento de contas; regularização de débitos; e pedido de novas ligações.

A companhia frisou que fraude é crime, e que os débitos podem ser parcelados de acordo com a capacidade de pagamento dos devedores.

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